Os servidores dos gabinetes de ministros da Primeira e da Segunda Seção estão consolidando o uso de uma ferramenta de inteligência artificial generativa do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O STJ Logos permite elaborar relatórios de processos, identificar controvérsias, fazer perguntas ao sistema por meio de chat e até analisar a admissibilidade de agravos em recurso especial. Uma das usuárias é Camilla Nery, servidora do gabinete do ministro Sérgio Kukina.
“Hoje nós temos cerca de 20 servidores aqui no gabinete que usam a ferramenta, variando assim porcentagem de 70% de decisões feitas com base no Logos, 50%. Então os números são expressivos.”
E a ferramenta é inclusiva, como destaca Thayná Yaredy.
“Para mim que sou uma pessoa atípica, tem sido muito mais fácil a resposta de uns meses para cá do que as respostas anteriores, porque elas são mais detalhadas, mais sólidas, mas eu consigo pedir para o sistema criar um formato que para mim a leitura fica palatável.”
O STJ Logos foi lançado em fevereiro de 2025. Apesar de recente, a ferramenta tem mostrado resultados promissores. A otimização de tempo foi um dos pontos observados pelo servidor Pedro Venanci, do gabinete da ministra Regina Helena Costa.
“Ela permite sim ter mais agilidade, porque eu não preciso, eh, perder tempo analisando tantas páginas de determinado processo. Eu posso pesquisar aquela informação, ver onde é que ela tá e achar, né, sem prejuízo, obviamente, da leitura de todas as peças principais.”
Para Tayane Antunes, da equipe de trabalho do ministro Paulo Sérgio Domingues, os avanços têm sido percebidos na realização de tarefas cruciais do dia a dia em gabinetes.
“Outro ponto importante é na identificação de temas e controvérsias, que estão afetados em repetitivos ou repercussão geral…é uma infinidade de temas e é humanamente impossível decorar todos eles.” 
Inclusive, quando as demandas poderiam demorar muito mais tempo sem a ajuda da inteligência artificial, como pontuou Erich Oliveira Rocha, assessor no gabinete do ministro Gurgel de Faria
“A ferramenta realmente tem ajudado bastante a fazer um resumo disso, né? A parte intelectual, assim, de produção mesmo de conteúdo da decisão, aí isso fica por parte do analista, né?”
Para explorar todo o potencial do STJ Logos, os servidores têm participado de capacitação contínua. A troca de informações entre os gabinetes também tem sido estimulada para fortalecer a ferramenta, como observou Leandro Souza servidor atuante no gabinete do ministro Moura Ribeiro.
“Pelo que você colhe dos colegas que já estão usando o Logos, você percebe que eles se sentem mais já acolhidos, podemos sentir um certo ganho de velocidade na produção das minutas.”
E a segurança dos dados também é uma preocupação constante do STJ. E foi justamente esse o ponto ressaltado pela servidora Isabela Cavalcanti, atuante na equipe de trabalho da ministra Maria Thereza de Assis Moura.
“É um ambiente seguro, né? Um ambiente também que é de criatividade zero. O Logos quando ele não encontrar informação, ele vai te dizer que a informação não foi encontrada. Ele não vai inventar dados, além daqueles que estão constantes no processo.

Com informações de Jáfer Araújo, do Superior Tribunal de Justiça, Fátima Uchôa.

Ver todos los episodios