O que torna um professor inesquecível? José Oliveira

25/06/2025 55 min Episodio 214
O que torna um professor inesquecível? José Oliveira

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Sinopse do Episódio

















































Todos guardamos a memória de um ou dois professores que nos marcaram.
Não nos lembramos das notas, nem dos nem do que projetaram ou escreveram no quadro, nem dos testes.
Lembramo-nos do olhar atento no dia certo.
Da pergunta inesperada.
Da confiança plantada como quem diz: “Tu consegues.”
São esses professores que ficam.
O que torna um professor inesquecível? José Oliveira
Porque nos viram antes de nós sabermos quem éramos.
Porque nos empurraram um pouco mais longe do que imaginávamos possível.
E, porque, mesmo sem saberem, mudaram a curva da nossa vida para sempre.
Esta conversa é, também, um tributo a todos eles.
Ensinar é uma arte enigmática. Incompreensível para mim. Importante para todos.
Uma arte feita de gestos invisíveis, sementes lançadas ao vento, perguntas que nunca terão resposta imediata.
Ensinar é um ofício de fé.
Acredita-se que, um dia, aquilo que hoje foi dito, desenhado, percebido — possa fazer sentido para alguém.
E que, talvez, esse alguém seja melhor por causa disso.
Hoje, no Pergunta Simples, sentamo-nos com um professor que leva essa arte a sério.
Sério como quem ri, como quem experimenta, como quem acredita.
José Oliveira, professor de Artes na Escola Secundária Francisco Rodrigues Lobo, em Leiria.
Mas, acima de tudo, um construtor de mundos.
Transformou uma disciplina técnica, aparentemente árida — a Geometria Descritiva — num laboratório de criação.
E foi por isso que este ano recebeu o prémio que distingue o melhor professor do país.
Mas esta conversa não é sobre um prémio.
É sobre aquilo que ninguém vê quando se fecha a porta de uma sala de aula.
É sobre como se cria um espaço onde cada aluno tem lugar, tempo, voz, desafio e superação.
Onde os erros não são falhas, mas parte do processo.
Onde os alunos aprendem com os colegas, e os professores aprendem com os alunos.
Onde se ensina com papel, com madeira, com palavras, com copos coloridos, com silêncios e com perguntas.
Onde a aprendizagem não parte de um programa, mas de um princípio simples:
Ensina-se a partir do ponto onde o outro está. E não onde um qualquer teórico dos programas escolares imagina que estamos.
José Oliveira fala como quem pensa a escola com as mãos.
Fala da arte, da matemática e da tecnologia como instrumentos de pensamento.
Critica os exames, os programas, os formalismos — mas sem amargura.
Fala da educação com uma alegria serena, de quem sabe que ensinar não é cumprir um plano, é acender alguma coisa em alguém.
E, pelo meio, diz frases que ficam:
Que a geometria descritiva é uma matemática desenhada.
Que a escola não deve nivelar por baixo — nem por cima — mas puxar cada aluno para o seu máximo possível.
Que nem sempre quem chumba é quem menos sabe — às vezes é quem mais foi abandonado.
E que o grande erro da escola moderna é esquecer que cada cérebro tem o seu tempo, a sua forma, a sua origem.
Esta conversa podia ser ouvida numa sala de professores, numa oficina de serigrafia ou num comboio entre Setúbal e Leiria.
Mas o lugar certo para a escutar é onde estiver alguém que ainda acredita que a escola pode mudar vidas.
Que ainda acredita que um professor não é só um transmissor de conteúdos — mas alguém que planta inquietações, liga mundos, abre caminhos.
José Oliveira não veio defender um método.
Veio lembrar-nos que ensinar é uma forma de cuidar.
E que talvez o futuro da educação não conste nos manuais, nem nas grelhas, nem nos ‘rankings’.
Talvez esteja ali, no fundo da sala, onde alguém com um copo vermelho na mão — qual semáforo — porque não entendeu o que lhe disseram — espera que lhe perguntem:
“Vamos tentar outra vez?”
Vamos a isso?
Todos nos precisamos de bons professores.
Na escola e na vida toda.
E precisamos de que haja professores com arte e engenho para nos encantarem no caminho.
O que definitivamente não precisamos é de exames escritos deliberadamente para não serem entendidos ou de um sistema educativo que descarta os que mais dele precisam.
Vivam os professores José, que ensina arte sem exclusões.
Ou a minha professora Zita, que me ensinou as primeiras letras e sílabas, o que a um  disléxico canhoto é uma obra de grande porte.
LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO

Ora, vivam bem vindos ao pergunta simples, o vosso
podcast sobre comunicação, perguntar, perguntar, perguntar,
passar a vida a fazer perguntas, passar todo o tempo do mundo em
busca de respostas, respostas às perguntas mais difíceis,
respostas que podem nem sequer chegar.
Esta é a vida dos filósofos e eu decidi convidar um dos melhores
e eu faço perguntas. E o filósofo António Castro
caeiro traz as respostas. É este o episódio desta semana,
já agora. O pergunta simples chegou ao
YouTube? Estão lá todas as entrevistas
gravadas em vídeo. Procurem o pergunta simples no
YouTube e subscrevam o canal. Assim, não perdem nenhuma destas
conversas. A maneira mais fácil é ir a
perguntasimples.com e seguir o link do YouTube.
Vivemos num tempo acelerado de respostas rápidas, de
notificações constantes e de poucas pausas para pensar.
A informação chega em excesso. A comunicação tornou se
instantânea e muitas vezes vazia.
A perguntar parece ter se tornado um ato quase subversivo.
Questionar o mundo, o tempo, a vida até nós próprios pode soar
estranho, deslocado ou até incómodo.
Mas talvez seja justamente esse desconforto que precisamos de
recuperar. É nesse gesto simples e
revolucionário, o de fazer perguntas, que entra a
filosofia. Neste episódio de perguntas
simples, falo com o António Castro caeiro.
É professor universitário, tradutor, ensaísta e uma das
vozes mais singulares da filosofia contemporânea em
Portugal. Mas.
Mais do que títulos, Cairo é alguém que pensa o mundo com
palavras, com o corpo e com uma atenção rara às perguntas
certas. Convidamos a desacelerar, a
escutar, a habitar o tempo e a linguagem com mais cuidado.
Nesta conversa, há espaço para dúvidas sem fim, para silêncios
reveladores e para a beleza difícil das ideias que resistem
à simplificação. Ao longo de conversas,
exploramos o papel essencial da pergunta.
O que é uma boa pergunta? Porque nos incomodam as
perguntas que não têm resposta imediata.
E porque é que muitas vezes evitamos perguntar, como se a
dúvida nos fragilizasse paraqueiro.
A pergunta é mais do que uma forma de obter informação, é um
exercício de atenção, uma forma de estar no mundo, de perguntar
bem e escutar com rigor, pensar com o tempo e resistir à
facilidade das respostas prontas.
Vivemos, como diz, entre o espanto e a dúvida. 2 formas de
nos abrirmos ao desconhecido, ao imprevisto, ao que nos escapa às
fórmulas. Mas este episódio vai muito para
além das perguntas. Falamos de emoções, de
sentimentos e do corpo. Num tempo em que nos pedem
performance constante, em que se valoriza a eficiência, a imagem
e a exposição, é urgente recuperar a dimensão sensível da
existência. António Castro caeiro defende
que as emoções não são um desvio do pensamento.
Mas parte do próprio ato de pensar, sentir é também uma
forma de compreender. E o corpo, tantas vezes visto
como um mero suporte, é na verdade, um centro de
inteligência e de perceção. Vamos, nesta conversa, revisitar
o espanto original com que olhamos o mundo pela primeira
vez, o primeiro mergulho no mar, o primeiro amor, o primeiro
espanto perante a paisagem. A vida, diz, nos vai, nos
calejando e cabe nos, através da filosofia da arte ou da
contemplação, reencontrar esse olhar inaugural.
É esse o desafio, não viver em modo automático, mas reavivar a
atenção, a curiosidade, a capacidade de nos maravilharmos.
Também há tempo para refletir sobre o tédio.
Esse vazio que tantas vezes evitamos a todo o custo.
Vivemos rodeados de ocupações, temos distrações, mas talvez o
tédio, se escutado com atenção, seja um convite à criação, à
escuta interior, ao reencontro com o essencial.
Talvez seja no silêncio, na pausa, no vagar que se abre
espaço para a filosofia. Não ignoramos, claro, os temas
contemporâneos, as redes sociais, a exposição constante.
A fragmentação da identidade. Falamos do eu digital e das
versões idealizadas que projetamos online, mas também
reconhecemos que o virtual é tão antigo quanto a humanidade.
Sempre vivemos com imagens, memórias, fantasias e projeções.
A novidade talvez seja a velocidade e a intensidade com
que tudo acontece. Por fim, chegamos à pergunta que
dá nome a este podcast, a pergunta simples ainda faz
sentido perguntar por aquilo que é simples?
E também por aquilo que é muito complexo, por exemplo, no
sentido da vida, num mundo líquido, ambíguo, saturado de
opiniões e urgências, onde é que encontramos pontos de apoio?
António castroqueiro não dá respostas fechadas, mas aponta
alguns caminhos, o da escuta, o da atenção, o da curiosidade
filosófica. Defende que o sentido da vida é,
ao mesmo tempo, uma experiência íntima e universal.
Quando nos deparamos com o abismo, uma perda, uma crise, um
vazio, é que a pergunta aparece, que ela emerge.
E nesse momento ela é tudo, menos teórica, é sentida, é
pessoal, é íntima. António casqueiro é filósofo que
pensa com o tempo, com humor e com profundidade.
Um filósofo que não tem uma dúvida nem o silêncio, um
pensador que nos desafia a reabilitar a linguagem, a
interrogação. E o espanto como formas de
resistência. Este episódio é um convite para
parar, para ouvir com vagar, para reaprender a perguntar.
Viva António. António que Castro caeiro
filósofo, é um filósofo importante.
EE quero dizer isso desde já. Além disso, é professor de
filosofia na faculdade de ciências sociais e humanas da
universidade nova de Lisboa. António, o que é que faz um
filósofo? Serve para quê um filósofo?
Há há 2 perguntas. Essa pergunta eu costumava
responder de 2 maneiras. A primeira não serve para nada,
não é porque de facto é, é a pergunta pela utilidade, é uma
pergunta por uma das formas de do sentido é ser útil.
EE nesse sentido, pode querer dizer nessa associação, pode
querer dizer ter préximo, ter um emprego.
E por outro lado, também respondi, serve para tudo,
porque, de certa forma, dá sempre jeito ter à mão um
filósofo. Para fazer perguntas?
Para fazer perguntas, designadamente para perceber que
a pergunta que tem como resposta ser útil a utilidade.
O uso é uma é uma resposta possível, mas nem todas as
respostas com o sentido da utilidade respondem à pergunta
pelo sentido em geral. Há muitas coisas que não têm o
sentido da utilidade e nós adoramos.
Por exemplo, os músicos, por exemplo, os poetas.
Sem dúvida. Ou AA mãe, o irmão.
Para que é que serve uma mãe para tudo e para nada?
Serve o irmão para tudo e para nada.
É melhor não dizer nada às mães, porque senão elas ficam
zangadas, connosco e com que têm toda a razão.
Há uma pergunta sempre que eu gosto de fazer aos filósofos,
que é, o que é uma boa pergunta? 11.
Boa pergunta é aquela que não apenas transforma o enunciado
declarativo no enunciado interrogativo, como essa, essa
interrogação tem uma ânsia de resposta e, portanto, uma boa
pergunta não pode ser uma pergunta que não tenha resposta.
Também não pode ser uma pergunta que tenha já a resposta na ponta
da língua, mas que tem, nós podemos dizer lhe uma tensão
desiderativa. E, portanto, a pergunta que
horas são? Se eu não quiser saber as horas,
não faz qualquer espécie de sentido.
Mas quando eu quero saber as horas, a pergunta que horas são?
Se tiver alguém disponível, faz todo o sentido.
Portanto, uma boa pergunta é uma pergunta que tem uma resposta
possível e é feita na circunstância do apuro ou na
circunstância de eu querer saber.
E, portanto, esta ideia de que nós, quando fazemos uma
pergunta, ela tem um sentido e põe no fundo a trabalhar.
A máquina de lavar do cérebro do outro, a quem é o interrogado?
Exige uma resposta, uma pergunta.
Exige atenção para uma resposta? Não, não, não quer dizer que
tenha uma resposta. Isto é, nós podemos, de certa
forma, trabalhar durante dias e dias e dias soube, soube o
projeto de uma interrogação e não sabemos se vai, se vai ter
resposta. Ou seja, despistar hipóteses
interpretativas, estar a tentar perceber um determinado assunto.
Andar atrás de um amor ou até de Deus?
Há pessoas que andaram a vida inteira atrás de Deus e nunca
ouviram. Portanto, esse tipo de tensão
desiderativa ou tensão interrogativa admite uma
resposta possível, embora possamos passar uma data de
tempo sem ter a resposta. Nós estamos em tempos
conturbados, tensos. Diria que com uma agressividade
social crescente. É a minha sensibilidade, a ideia
da pergunta. Enquanto aquele que põe em causa
está a ser posto em causa, a ela própria, isto é, perguntar, está
a começar a ser politicamente incorreta.
Pode, pode perfeitamente acontecer.
Há aqui. Deixe me deixe me contextualizar
rapidamente. Há há 3 aspectos que se prende
com as 3 vozes dos verbos. Pode ser, eu faço uma pergunta e
então eu quero saber e pergunto, que horas são?
Quando é que o cessar fogo vai entrar em vigor?
Qual é a temperatura? E portanto, sou eu que faço essa
pergunta, mas eu posso perceber que essa pergunta me é feita a
mim pelo Jorge e então pergunta me quando é que é o cessar fogo?
E eu tenho o ónus da resposta. Mas depois há uma data de
perguntas que acontecem e que parecem ser reflexivas, ou a voz
média, como diziam, como diziam os gregos.
Isto é, a própria pergunta é, ao mesmo tempo, agente e objeto de
interrogação. Como é que é isso?
Ou seja, são perguntas que me acontecem e que nós dizemos de
nós para nós, diz lá, vá, o que é que estás a fazer da tua vida?
Ou se tens a certeza, exatamente o que estás a fazer?
São perguntas que. Rebentam na nossa cabeça e,
portanto, não tem um agente específico de interrogação, não
é um sujeito interrogativo específico.
Não sou eu que faço a pergunta, mas acontece me fazer essa?
É uma espécie de pontada. No outro, vê lá o que é que
estás a fazer aí? Pode ser, pode.
Ser é a pergunta do pai, o que é que pensas que estás a fazer da
tua vida, não é? Mas.
Essas plantas são difíceis, são. Extraordinariamente difíceis e
têm, mas têm são experimentadas de uma forma dramática, nós
sabemos. Se calhar não estamos a fazer
uma coisa como deve ser. Se calhar estamos AA encanar a
perna rã ou por outro lado, conseguimos.
Dar a resposta? Não sei.
Não sei o que é que poderia fazer de outro se não, se não
isto mesmo. Agora, indo à sua pergunta
concreta, eu eu acho que todas as perguntas são incómodas e a
experiência da interrogação é incómoda.
Todas elas. Eu, eu penso que todas elas, se
eu não souber, posso. Perguntar porque é que nos
incomodam as perguntas? Porque não responder, não saber
é incomodativo, ou seja, nós Na Na nossa vida, nós queremos
estar instalados. De uma forma satisfatória no que
sabemos e uma pergunta, não uma pergunta retórica, ou seja, eu
uma pergunta verdadeira. 11 pergunta verdadeira, aquela
genuína em que eu que eu não sei responder, mas eu também não
fico em sossego. Não saber responder é uma
pergunta incomodativa e eu tenho de fazer alguma coisa Por Ela.
Ou seja, quanto mais não seja. Eu não quero estar exposto à
capacidade interrogativa dela, ou então eu tenho de lhe dar uma
resposta. Ou então eu perceber que estou
AA trabalhar para responder? Então, o que é que fazemos a
ela? Portanto, por um lado, nós não
queremos anunciar a nossa vulnerabilidade, que é, estão me
a perguntar uma coisa e nós, afinal, não sabemos a resposta.
Eu diria que a nossa capacidade de responder é muito pequenina
em relação às todas as perguntas que podemos fazer e isso obriga
nos a tentar dar uma resposta, o que significa que em caso de
dúvida ou de acidente. Lá podemos encontrar uma
mentirinha ou uma Bela especulação para conseguir
sobreviver àquela pergunta. Sem dúvida, sem dúvida.
É isso que nós fazemos, eu? Eu acho que o que nós fazemos é,
nós pensamos. Agora, como dizemos em
português, by default não é, ou seja, por nome ou por padrão,
nós pensamos que estamos na verdade.
E só de vez em quando, quando há sombra de dúvida sobre alguma
coisa, é que vem a pergunta. Ou seja, chegamos a casa e se
tivermos um carocha e, portanto, temos mesmo de desligar Oo os
faróis. E não sabemos se desligámos ou
não desligámos os faróis. E o que é que acontece nessa
altura? Nós sabemos tudo no universo,
menos se deixámos os faróis, aceses ou não, ou vamos a
caminho do do Algarve e assalta nos a dúvida, fechámos a
torneira do gás ou não e imaginemos que foi que é em
Setúbal. Lá voltamos atrás para ver se
desligámos ou ou não, fechámos ou não a torneira.
Ou seja, a ideia é, sabemos tudo, temos tudo controlado, mas
aquela coisa específica que tem sombra de dúvida.
É o suficiente para nos mobilizar completamente e deixar
de dar importância àquilo que nós sabemos.
Para um filósofo, a pergunta e a filosofia, no fundo, nasce da
dúvida ou nasce do espanto? Ou seja, nós podemos perceber
que a história excelente pergunta a história.
É a única, é a única, as outras outras.
São todas. Essa é uma pergunta excelente,
porque? A história no ocidente, da nossa
relação com a filosofia, e isso quer dizer com a experiência do
desejo de transparência. Nós não gostamos de Opacidade.
Filosofiaine quer dizer, ter uma compulsão pela transparência.
Querer saber é é feita de diversas maneiras.
O os gregos têm Platão e Aristóteles.
Quando fala de gregos, é Platão e Aristóteles.
Mas existe pensamento prévio? É o espanto sauma.
E o espanto significa aquilo que por um lado cria atração para si
e por outro lado cria horror. E essa experiência dupla cria
horror. É eu, eu, eu afasto, me assusto
me, mas ao mesmo tempo fico fascinado por aquilo estás a é
essa há. Há uma.
Atração, repulsa em. Relação simultaneamente é é isso
que é que é experimentado pela palavra Salma, tal salmate, sem
o espantar se justamente como em português o espanto é qualquer
coisa, como o espantalho. Que provavelmente põem em fuga
ou afugenta, mas, por outro lado, cria em si a atração.
Nós temos a atração do abismo e, portanto, essa é AA experiência
literal. Ou vida desgraçada.
Então nós estamos assustados. Por um lado, pela maravilha.
O que nós acabamos de ver? Aquilo que é ora uma epifania,
ora uma coisa que nós dizemos, isto é uma coisa terrível que
nós não podemos ver. Portanto, ora fugimos, ora
ficamos a olhar entre os entre os dedos.
A ver o que é que está exatamente?
Essa é é Oo Hill, que tem uma frase que diz.
O Belo é o princípio do horror, porque precisamente nós podemos
perfeitamente perceber que aquilo que nos faz apaixonar por
si no momento seguinte pode ser o horror, não é?
Os Americanos diziam que a pessoa de quem nos divorciamos é
a mesma pessoa com quem nos casamos e istamente ou não é?
São pessoas completamente diferentes.
Mas AA dúvida não é da omnivoce do bitand e duvidar de todas as
coisas. É, é.
É uma experiência que foi feita também, entre outros,
particularmente por descart, mas, por exemplo, também por
tirkgot do ponto de vista existencial.
EE, nesse sentido, a filosofia também acontece quando nós temos
sombras de dúvidas e designadamente a respeito, não
é? Descart tem figuras magníficas,
como o génio maligno e o Deus enganador.
E, precisamente, é o que nos acontece quando temos miragens,
quando temos enganos, quando temos alucinações.
E a maior parte dos casos nós temos a ideia, como como dizem
os mais antigos, em face da morte, como me disseram quando
eu era miúdo menino, nós vivemos enganados no sentido,
precisamente em que vivemos, no encaminhamento da morte.
Para cada dia temos um bilhete que vai sendo obliterado.
E desde que nascemos até agora, foram obliterados uma data de
bilhetes. Mas evitamos pensar sobre isso.
Evitamos morremos um dia, mas para já não.
E, portanto, essa forma específica da dúvida e do
espanto e que Platão, ou que uma certa tradição diz que Platão
fala disso, de um de um outro mundo.
É aquele mundo em que eu não tenho dúvidas, em que eu acho
que tudo é repetível, tudo é ultrapassável.
E, na verdade, esse outro mundo em que eu estou no
encaminhamento da morte não é repetível, não é ultrapassável
e, na verdade, é irreversível. E por isso, sobra a pergunta que
é? Ainda faz sentido fazer a
pergunta sobre o sentido da vida ou qual é o sentido da vida no
fundo? Faz faz sentido sensibilizar nos
ao modo em que fazemos a experiência dessa
problematicidade? Isto é, eu não posso decidir das
9 às 5 para manter este tipo de horário que ninguém tem, das 9
às 55 dias por semana, com 2 dias de de fim de semana.
Eu não faço essa pergunta como se fosse um filósofo
profissional, não é? Mas essa, essa, essa pergunta
acontece nos de quando em vez, ou seja, em épocas de de grande
dificuldade, poria. Pode, se pode, pode ser formas
como agora estamos a viver de guerra, de crise, de de
epidemias pandémicas que não não são apenas aquelas provocadas
por vírus, mas são também aquelas provocadas por seres
humanos e que e que há uma afetação global.
E não quer dizer que essa afetação global me faça a
pergunta pelo sentido da vida em geral.
Eu AA pergunta pelo sentido da vida em geral.
Acontece me precisamente em circunstâncias em que eu estou.
Estou confrontado com o abismo EE são bastante particulares,
bastante pessoais. Quando alguém morre?
Quando alguém na iminência de alguém morrer, por exemplo.
E aí sim, nós vamos questionar, isso importa me saber se este
sentido da vida é uma coisa individual que me confronta a
mim próprio? Ou se, pelo contrário, estamos a
falar de uma reflexão que também é partilhada com os outros, com
a sociedade, onde nós estamos? É, é, é.
Tem essa estrutura paradoxal porque, por um lado, nós
percebemos que é a experiência mais íntima da problematicidade
acontece me a mim e o Jorge dirá também me acontece a mim.
E nós percebemos que essa forma Extrema e radical, digamos
assim, da da subjetividade é o modo.
Como nós acolhemos essa permeticidade?
Por outro lado, nós percebemos que a humanidade vibra, ou seja,
cada outra pessoa com essa experiência maximamente
subjetiva é portadora do universal humano e, portanto,
aquela experiência que, que aparentemente é particular,
singular, estritamente subjetiva, ressoa no outro, como
possibilidade também de a ter. É a condição humana.
Nós podemos dizer que é a condição humana no sentido
kantiano do termo, ou seja, é a condição de possibilidade da
experiência do deste objeto, deste objeto da vida, que é
quando me acontece, eu perguntar pelo sentido, quando me acontece
precisamente o colapso do sentido.
Ainda meses que estão me a convidar quando quando pergunta
aos seus convidados, geralmente é a última pergunta da das suas,
das suas entrevistas, que é, o que é que foi um dia bom para as
pessoas, que que é uma pergunta muito interessante.
Importa me saber o que é que é uma vida boa ou uma vida
eficiente. Temos um potenciómetro para para
encontrar. Se temos essa noção de finitude,
se temos essa noção de que esses bilhetes se vão obliterando.
O que é que é uma vida boa? E o que é que é 11?
Vidinha que que se vai fazendo. Eu eu acho que essa essa
pergunta põe nos Oo seguinte, problema, nós quando descrevemos
uma vida boa? Uma vida eficiente, uma vida que
tivesse valido a pena. Nós podemos pensar naquilo que a
filosofia chama uma ontologia da substância e parece que estamos
a falar de uma coisa. E no pay TAP ou no supermercado
da existência eu vou escolher uma vida boa e não quero
escolher aquelas outras vidas boas.
Mas se for o Black Friday, eu já não vou a tempo e escolho a vida
que posso. E então eu quero, em princípio,
ter uma casa simpática, uma família boa e saudável.
Um carro bom, a possibilidade de ir, passar umas férias e, em
princípio, eu tenho a minha, a minha vida cheia.
Esse esse é justamente o ponto, é que uma vida boa ou uma vida
eficiente está ao mesmo nível, de querer ter uma vivenda, de
querer ter viagens, de querer ter acesso a espetáculos, isto
é, há uma redução da vida a uma coisa e outra coisa
completamente diferente. É a nossa experiência do viver,
do estar vivo, que é diferente da nossa experiência, do que é
uma vida. E nessas circunstâncias, o que
eu posso tentar reconstituir é, por exemplo, na infância, o
estado eufórico que acontece na antecipação do primeiro
mergulho, do das férias. E, portanto, nós nós vivemos à
distância de 11 meses. Porquê?
Porque vivíamos na praia. Quando era Oo verão e quando
eram as férias grandes da da da existência?
Até o último dia das férias, até.
Ao último dia das férias e depois nunca mais vimos.
Aqueles amigos ficavam congelados, algures no tempo.
Mas há a antecipação daquele mergulho e a vivência do que é
estar euforicamente, numa embriaguez lúcida do que é estar
vivo. Essa, para mim é a
representação. É uma metáfora viva de uma vida
não é boa, de uma vida excelente.
Agora, o problema é que ao longo da vida, nós vamos perdendo essa
Inocência. Do primeiro mergulho, do
primeiro beijo, do primeiro sabor, do primeiro vislumbre de
uma paisagem maravilhosa, parece que a vida nos caleja no mau
sentido da palavra que é, dá nos experiência e retira nos o
espanto. Esse é o problema da filosofia,
isto é, nós temos em nós uma matriz, ou os gregos diziam uma
natureza originária. E se calhar, AA primeira vez que
nós fazemos a experiência da primeira vez e, portanto, todas
as primeiras vezes das primeiras vezes já são de alguma forma
sucedâneas desta ideia magistral do princípio criativo.
Agora aqui é desta vontade de poder de que Nietzsche fala e
que depois parece que há uma espécie de embotamento ou
neutralização e, portanto, a segunda vez já não é a primeira,
a terceira já não é a segunda e depois é o hábito.
E justamente faz parte da filosofia, da arte, da religião,
para utilizar as as 3 grandes figuras da filosofia encaradas
por Hegel, de reconstituir esse esse início.
E, portanto, é como se esse primeiro início tivesse sido
apenas 11, vivência passiva. E o que nós queremos fazer é à
custa do nosso esforço criativo. Viver A Vida não como se fosse
como Ela Foi oferecida, de modo passivo, mas de alguma forma
reconstituí la a isso corresponderia a uma resposta
existencial em que a nossa vida seria a expressão dessa
possibilidade. Para o bem e para o mal, porque
às tantas, nós estamos sempre à procura de uma outra coisa, o
que não temos. Só estou bem onde não estou.
Já cantava variações, causando nos pelo menos uma ferida do
vazio, de não conseguir fazer aquilo que nós depois
olímpicamente. Vamos.
Para ali, para o primeiro centro comercial enchemos de compras
para tentar tapar essa dor existencial ou essa procura que,
afinal, nunca nos preenche. Sem dúvida, ou seja, uma das
características das quais muitas vezes não nos apercebemos da
contemporaneidade é o é o vazio do tédio e não, não, não
identificamos sempre. O tédio é uma coisa boa.
Ou uma coisa má? O tédio é, depende há vários
níveis, não é? Oo nível profundo Heidegger diz,
quando é tédio, os alemães têm a palavra é langa baila, que é uma
duração longa numa grande cidade.
Quando é domingo à tarde, tudo é tédio, é o vazio total, ou seja,
o tempo não passa. Pelo menos naquele momento em
que nós sentimos o tédio, o tempo não passa e sentimos.
O vazio dura muito pouco tempo, não é?
Porque depois há a agenda da do domingo à tarde.
Vamos ouvir rádio, vamos à televisão, vamos ver televisão,
vamos ao futebol. Portanto, repõe se esse tempo.
Mas o tédio pode ser bom no sentido em que cutuca a onça da
nossa existência, nós queremos estar ocupados.
Os Americanos têm OOO lema, keep bizi e, portanto, mantém te
ativo. E isso pode perfeitamente
acontecer no seu exemplo. Quando vamos ao supermercado?
Quando queremos estar ocupado, na verdade é transformar a vida.
EE é a única vida que temos em terapia ocupacional e veja como
é que as nossas crianças não é. Estão entregues aos ATLS, não é
as atividades de ocupação de tempos livres.
E não do tédio livre. E não do tédio livre, justamente
porque deveria haver essa possibilidade de lidarmos com o
que é o vazio, ou seja, a nossa experiência da Liberdade é
também procurar ocupar esse tempo livre, essa essa forma
particular de vagar. Com qualquer coisa que seja
útil. Não no sentido em que pode ter
um emprego e empréstimo, mas vamos buscar guitarra ou pintar
ou fazer desporto, namorar, ir para a praia porquê?
Porque comprar coisas é uma opção compulsiva, isto é, eu
substituo o vazio por qualquer coisa que eu acho que vai
substituir, mas na verdade está me a criar mais vazio, ou seja,
pode perfeitamente acontecer. Um dos exemplos dos dos case
Studies da da doença maníacodepressiva.
É alguém que vai comprar um relógio e acaba por comprar a
coleção toda dos relógios porque gosta das braceletes com todas
as cores possíveis e imaginárias, ou que vai comprar
11 livro de uma determinada coleção e acaba por comprar 500
livros, porque os 500 livros é que ficam bem lá em casa e.
Isso não resolve. Obviamente.
O problema usou a expressão vagar.
Como é que se tem vagar num mundo que tanto acelera?
Tipo bizi, não é? É, é, na verdade, é.
Há uma enorme dificuldade, mas nós, se calhar, conseguimos
reconstituir, e os nossos ouvintes conseguem reconstituir
precisamente. Isso que quando há vagar, pode
haver uma experiência de não saber o que é que vamos fazer à
vida. Os ingleses utilizam a expressão
os Anglo saxónicos killing time, não é?
Fazer tempo. Nós dizemos, nós vamos fazer
tempo, que eu acho muito mais delicioso.
Vamos fazer tempo. Melhor do que matar o tempo.
Melhor do que matar o tempo. Mas devemos matar saudades, por
exemplo. Somos homicidas aí, mas nós
poderemos ter. Quando temos vagar, nós temos a
oportunidade de deixar ir. E essa possibilidade de deixar
ir é uma das das experiências do ser.
Como os gregos o entendiam que não é uma substância.
Mas é uma atividade verbal mesmo, passiva, ou seja, ter
vagar é condição de possibilidade de deixar ir e,
portanto, talvez, de fazer acontecer.
Isso é uma forma de preenchimento.
António, há um podcast que grava uma série de conferências para
para OCCB sobre as emoções, os afetos, o corpo, os sentimentos.
No fundo, mapas para podermos viver.
Nós conseguimos aprender com as com as emoções ou elas são um
espelho de nós próprios? Eu quando estou a pensar em
emoções, enfim, se calhar, estou já a catalogá las negativas como
a ira ou positivas, como o afeto.
Sinto me e faço me de forma diferente.
A maneira como eu estou, a maneira como eu sinto, a maneira
como eu me vejo. As emoções contam nesta maneira
como nos pensamos. Nós, nós podemos, ou seja.
Uma vez mais excelentes perguntas, nós nós podemos
isolar uma emoção? EEE trabalhá la, o professor
António damásio fala numa consciência nuclear e numa
consciência de estendida EE de que fala é ele.
Ele fala nesta ideia de que qualquer coisa que demora um
lapso de tempo para acontecer. E que depois poderia colapsar e
morrer, ou seja, dura até a duração do fósforo.
É uma centelha. É uma centelha emocional que
dura um instante, e isso poderia corresponder AAA fenologia chama
lhe ao chamo lhe O Presente vivo e que dura um instante, e depois
desfaz, se dura outro instante e depois desfaz se, e portanto
isso seria 111 espécie de consciência nuclear, não
anulável. EE precisamente é atómica
nuclear, não anulável e depois uma consciência distendida é,
nós somos portadores de emoções da infância que criaram uma
impressão, nos deixaram no tal estado e que constituia o nosso
ser, a nossa maneira de. Ser as nossas cicatrizes.
No fundo, os nossos caminhos. A nossa biografia.
Pode utilizar a nossa biografia emocional.
Pode ser. Não há outra depois ela
preenchida, mas sim, pode, pode querer dizer, e nós aqui estamos
a ver apenas no passado, mas mas o que nós podemos?
Perceber existem esperanças passadas que morreram ou foram
preenchidas? Existem, existem futuros
passados que deram em qualquer coisa ou não derem nada.
EE, nesse sentido, uma emoção é analisada do ponto de vista do
presente quando ela cria uma impressão.
Alguém não é amor à primeira vista cultfoodra e pode ser por
uma canção, por um, por uma atividade, pela praia, por uma
paisagem, pode ser qualquer conteúdo da nossa própria
existência. Tem esse esse momento.
Temporal presente, mas depois tem precisamente a forma
específica da modificação do estado em que nos deixa.
E nós podemos perceber que os nossos encontros, aquilo que nos
define antes e depois de encontrarmos as as nossas
coisas, se calhar a rádio para si, a comunicação, livros,
música, pessoas, tudo aquilo que nos fez em namorar, nos
encantou, exerceu fascínio sobre nós.
Não data apenas um presente do ponto de vista emocional, mas
abre uma a uma possibilidade de futuro.
E a nossa biblioteca inteira? O que se me ocorre agora é
pensar que se essas coisas estão dentro de nós, impressas dentro
da nossa mente, do nosso corpo, o nosso corpo, não só o nosso
cérebro, pode pensar por nós. Porque muitas das nossas emoções
são expressas pelo corpo mais até do que do que um.
Um raciocínio ou de que uma enfim, de que um discurso
qualquer intelectual. Sem dúvida, essa dicotomia.
Eu sinto raiva antes de pensar raiva?
Sim, e pode pode ter esperanças secretas que só descobre que
tinha quando fica dececionado. Pode ter, parece.
Um paradoxo. É, mas é não é?
Nós nós achamos, Ah, não, já não tinha Esperança nenhuma.
E depois nós percebemos, Ah, mas eu fiquei dececionado.
Portanto, afinal, havia. Lá, qualquer coisinha.
E na verdade a nossa experiência secreta é que não vamos morrer.
Até agora toda a gente tem morrido, mas se calhar nós não
vamos. Morrer, mas nós não.
Pode perfeitamente acontecer. Ou então dizemos mais tarde, um
dia, ou então como como lukan, não é que está a analisar o seu
funeral? Vê se a si próprio morto, mas
depois está a ver quem é que veio, quem é que não veio, o que
é que pensa e o que é que diz. E não é, nós temos a
representação do nosso funeral. Mas para voltar à sua pergunta
que não me queria, não me queria perder, o que pode perfeitamente
acontecer é que nós nós distinguimos desde descartes o
que é o corpo, como se fosse uma configurate, como ele diz, uma
configuração, uma caixa do ponto de vista mecanicista, não é em
relação causa, efeito e depois temos a alma.
E não se sabe bem onde é que a alma está.
Mas na verdade, os antigos gregos achavam que era tudo o
mesmo. Eles falam de soma e falam de
psique, ou seja, falam de corpo próprio e falam de AA alma ou
mente. Mas a mente é somática da forma
que o soma, o corpo é animado. E mais é é o que acontece.
Nesta experiência, eu ponho o pé.
Lembro me quando era miúdo de pôr o pé Na Na Areia escaldante
ao meio-dia. EE, eu, de facto, creio no pé.
Mas eu digo, a Areia, o Areal está a ferver.
E, portanto, Oo. Nosso contacto é tão pequeno
quanto o pé de da infância. O nosso pé Infante está a ser
intercetado pela Areia. Por outro lado, emitimos um
juízo, o Areal está a ferver. Ou pomos o dedo grande do pé na
água e dizemos, a água toda da Costa Vicentina está gelada.
Uma generalização. Não é só generalização, é uma
experiência concreta de como nós somos como bordas de água, ou
seja, somos sensores meteorológicos altamente
sofisticados. Conseguimos dizer não apenas que
agora Lisboa está quente, mas dizemos que o dia vai estar
quente. Mas também podemos antecipar uma
mudança. EE, isso significa que nós não
temos apenas perceção no momento presente?
Através da afeção do corpo, mas o próprio corpo pensa e admite
uma variação mais alargada nos próximos momentos.
Nos próximos tempos do que vai acontecer.
Somos perspetivos, interessa nos por isso.
Por um lado temos as emoções, o corpo.
Lá está essa dicotomia entre o corpo e a alma.
Pergunto, António, pode uma emoção ser um ponto de partida
para a verdade? Uma parte da pergunta e outra é,
até que ponto é que as emoções? Implicam ou influenciam as
nossas decisões éticas. Uma, ou seja, há há uma
determinada tradição que procura atomizar Oo comportamento
cognitivo do comportamento afetivo, emocional e, portanto,
procura ao ao ao tornar esta, ao fazer esta dicotomia.
Apontar para a impermeabilidade, ou seja, o que é emocional não é
cognitivo, o que é cognitivo não é emocional.
E depois podemos acrescentar até à vontade.
E portanto, havia estes 3 troncos fundamentais no
pensamento antigo, que era a representação da realidade.
Do ponto de vista cognitivo, dizer sim ou dizer não a
representação emocional da realidade, que é perseguir
prazer, evitar sofrimento e depois a determinação, volitiva
querer e não querer. Mas o precisamente Oo que
acontece é que existe uma ou outra tradição que procura
mostrar que toda a emoção, mesmo a mais cega, tem um património
cognitivo e que toda a cognição só acontece enquanto cognição de
uma forma de comportamento teórico.
De resto, Aristóteles até diz, a teoria acontece quando não há
nada para fazer. E a vida é simples ou a vida é
fácil? E ele diz, os sacerdotes do
antigo Egito começaram a olhar as estrelas porque não tinham de
se preocupar com o dia a dia e, portanto, a teoria que significa
contemplação, o estar a olhar para as coisas, permite uma
alteração. Não é disposicional que fomenta
o cognitivo, mas isso significa que a própria cognição depende
de uma emoção. Que é a emoção de eu ter o tempo
livre. De eu ter o tempo livre, ter
vagar e ter curiosidade científica, portanto, uma data
de emoções que estão em causa Na Na lógica da descoberta
científica. Então essa é a nossa relação com
o tempo, porque nós aqui já falamos muito do tempo de
aceleração. Mantém se a fazer coisas do
tempo do tédio, do tempo da contemplação.
Afinal, esse tempo é, como diria Einstein, elástico e subjetivo
também. Ou o objetivo de nós olharmos
para o relógio? E um minuto é um minuto.
É tudo é objetivo, é subjetivo, é particular, é partilhável.
Agora, neste preciso instante, há uma duração idêntica para
para todos os fusos horários aqui em Marte, em qualquer sítio
do mais remoto e afastado do nosso próprio ponto de vista.
Por outro lado, o que nós percebemos é que existe esta
estrutura complexa, provavelmente só aberta, só
acessível à humanidade. De estar a deixar de ser e essa
forma específica do tempo, desta estrutura originária de estar a
deixar de ser, independentemente do objetivo subjetivo, tempo
social, tempo psicológico, tempo particular é inexorável.
Mas isso é angustiante, é sair daí do deixar de ser.
É absolutamente. É angustiante, mas não há forma
de de de ver. Ou seja, a eternidade do ponto
de vista humano é estar sempre a acabar.
Mas isto é pode não ter os dias contados, mas tem sempre a
perspetiva do arredondamento estar sempre a.
Acabar é uma ideia de um cada falso quase qual é o sentimento
que que mais o inquieta filosoficamente?
Na Na verdade, o que me motiva é Oo fascínio, o encantamento, a
possibilidade do transe, da embriaguez.
Desta forma específica de bebedeira, sobra e inconsciente.
Ou seja, todas as filosofias que me interessam desta estrutura
romântica de me permitirem descolar da repetição do
quotidiano e atirarem para uma situação de transe.
Esse é é o que mais me fascina ainda na interrogação
filosófica. Para nós, os leigos, aqueles que
estamos a ler pouco e ouvir pouco sobre filosofia.
O que é que nós precisamos mesmo de ler ou de ouvir?
Começamos por onde? A que filósofo é que batemos à
porta? Platão.
Platão. Aristóteles mas se quiser os
contemporâneos vikkenstein. Ou seja, eu acho, sabe, é quando
acontece. Como acontece.
Como quando alguém quer aprender uma língua estrangeira e que
acha que há autores mais fáceis para serem lidos do que outros.
E eu digo sempre aquela em que tiver mais interesse.
E, na verdade, eu acho que a abertura de um livro de
filosofia pode ser de literatura, pode ser do que quer
que seja. Tem um elemento filosófico, isso
que prenda a atenção e que nos faz entrar Na Na disposição do
leitor. E o leitor, como descreve
hillken num poema magnífico de uma de escrever uma criança a
ler, que estamos a ver a criança ali, a olhar para as para as
letras, mas ela não está lá. Está noutro sítio completamente
diferente. Levantou o voo, está como no
Matrix, não é naquele filme assim também.
O que eu acho é, devemos tentar ler, abrir todos os livros que
tenham esse condão de nos tirarem para fora de nós.
E isso é o princípio da leitura, da filosofia.
Esse fascínio, essa curiosidade. Onde está ela?
Onde guardamos nós a curiosidade?
Eu penso que a curiosidade tende, de facto, a ser
neutralizada por diversas, diversas circunstâncias.
Não tem, não. Tem que ver apenas com a escola,
não tem que ver apenas com a domesticação do horário.
Nós temos horários, não é diários, calendários.
É uma fábrica. É uma fábrica.
Nós temos agendas mentais, temos agendas virtuais, temos agendas
digitais. E, portanto, tendemos a
domesticar as coisas nesse nesse sentido, EEEA curiosidade não é
como como o há um há um gato que está na sala de espera, porque o
outro gato amigo entrou no consultório e veio o médico e
diz, lamento. Era curiosidade.
EE. Portanto, nós estamos nessa
circunstância de se calhar haver má reputação para a curiosidade.
Há mesmo má reputação para a? Curiosidade, pode haver má, má,
mas essa é a possibilidade da Liberdade total.
A curiosidade de querer saber é uma forma específica de cura que
é em latim, é cuidado. Curiosidade é uma forma aguda de
preocupação, então. E como é que nós estamos a lidar
com a Liberdade, com a nossa e com a dos outros?
Bom, isso põe aquele problema que nós, do ponto de vista
folclórico, dizemos, não é a nossa Liberdade, acaba a onda
dos outros, começa que é uma formulação de cantage de tal
forma que a que a tua máxima se transforma em lei universal.
Em princípio, é uma é uma boa ideia.
Sendo que agora há momentos em que um outro qualquer quer
interferir na nossa própria Liberdade das coisas que nós
fazemos, das maneiras como pensamos, se não estiveres
alinhado com o politicamente correto, vê lá isso, estamos a.
Existem diversas formas como se manifesta olhar para a.
Polarização, por exemplo, não é, quer dizer a polarização hoje à
esquerda ou à direita, que nos aponta caminhos de não, não vás
por aí ou, se não fizeres assim, não estás a ser politicamente
correto. Eu eu acho que todas as épocas,
todas as geografias, todas as castas têm os seus códigos,
todas EEA. Nossa não escapa.
E o que acontece? Pela proliferação e a rapidez
dos dos processos de divulgação online?
O que existe é precisamente por um lado.
A possibilidade de todas as linguagens, AA possibilidade de
de que tudo seja Franco e aberto e, por outro lado, uma repressão
total. Existe essa possibilidade de
repressão. Total há uma tensão entre as
essas 2. Coisas existe, não há e.
E uma. Não data.
E 1 e 1 irresponsabilidade na fala também porque, a coberto do
anonimato, qualquer pessoa nas redes sociais usa do insulto,
por exemplo, apenas porque está coberto por esse.
Oo anonimato. Nos tempos modernos, destruiu a
simpatia do anonimato. Nos tempos antigos, o os
grandes, os grandes comentadores de Platão e de Aristóteles são
referidos como anónimos, porque não assinavam, achavam que não
poderiam ter o seu nome ao pé dos grandes vultos, então são
são comentários dos anónimos. Hoje em dia, o anonimato
corresponde justamente ao que diz essa forma específica de
desresponsabilização ali, a possibilidade da calúnia, a
possibilidade da ofensa não é. Agora AAA Liberdade prende se
com esta esta circunstância, pelo menos na ideologia kantiana
de eu poder ser livre, isto é, de eu poder ser causa e
consequência das minhas ações. E, portanto, suportar o peso
também das das coisas que se decidem mal e.
Portanto, poder acotovelar e de alguma forma, perceber o que é
que está, o que é que está em causa aí e.
Não dizer que foi o outro? Não apenas não dizer o que foi o
outro. Perceber Oo que é o contexto, ou
seja, que a manobra e o espaço para uma manobra de Liberdade é
altamente improvável. Ou seja, Aristóteles viu isso.
Ou seja, a minha possibilidade de resolução e de decisão é
altamente improvável. Mas há um espaço específico em
que depois da deliberação, eu opto.
E nessa opção eu adoto uma determinada possibilidade, eu
escolho. Eu faço ou não faço?
Faço ou não faço? Escolher é fazer ou não fazer e
o que acontece é que muitas das circunstâncias em que eu estou
metido e reda me de tal maneira que eu não sou tido nem achado
para aquilo que está a acontecer.
E não tenho capacidade de decisão.
Ora, falamos já do ambiente digital, as redes sociais, o
ambiente digital, da maneira como.
Nós estamos a ver ele a crescer e suspeito que se vai
intensificar em No No nos próximos tempos alteram a nossa
noção do eu. Eu eu penso que podem ampliar e
podem metamorfosear. Ou seja, pensemos numa nas
estruturas duplas dos avatares dos.
Todos avatares, neste momento, já um bocadinho.
Quer dizer, no sentido em que publicarmos aquilo que queremos,
que os outros vejam que achamos que é bondoso.
Ninguém vai publicar a sua pior fotografia, anão ser que que
tenha desvios estéticos, não é ou não vai.
Não vai comunicar os seus atos vergonhosos, mas vai publicar
aquilo que se orgulha, aquilo em que acha que ficou bem.
Portanto, logo aí há já há já decisões.
Portanto, somos mais performativos e menos
autênticos. Eu eu penso que quer dizer, quem
está à espera de ir a um, a um perfil do Instagram, da do
Twitter, do Facebook ou do que quer que seja, EE vai encontrar
o verdadeiro eu de alguém que está ali ou há qualquer coisa
que fale? Desengane se.
Mas o que existe é justa? Este, esta forma específica
precisa de proliferação de outros eus.
O Nietzsche dizia que só um Comité.
Ou seja, cada um de nós é já um Comité.
São vários. Não somos uma data de gente,
somos menos 3. E nem sempre de acordo.
Eu a mim, eu a falar comigo acerca de mim, não é?
Eu sou menos 3 porque nós não não temos uma perspetiva
estigmática, como de carro pretendia.
Nós somos, como os gregos, somos uma permanente conversa
connosco. Vemos, por exemplo, alguém a
falar sozinho ou ou como nós dizemos em voz alta, e nós
percebemos que é assim que nós estamos.
Com a boca fechada e em silêncio, estamos continuamente
em. Diálogo, mas faz nos bem e até
falar alto. Faz ótimo EE falar com o
computador e dizer asneiras e et cetera.
Que é para conseguir ultrapassar isso, mas mas.
Portanto, para voltar à sua questão, do ponto de vista do
eu, o que existe é uma proliferação de avatares duplos
sósias e que isso pode ter pode ter a compreensão de não sou eu.
Ou seja, é aquilo que eu quero fazer parecer e.
E quando essa autoimagem, aquilo que nós queremos projetar, e eu
estou a pensar muito nesta nova geração que não teve o lado
analógico, que entrou de cabeça nas redes sociais, pode trazer
se dessa autoimagem digital, com toda essa distorção para a vida
real e não aguentar com o choque da vida real?
Eu, eu, eu acho que. Ou isto é uma conversa de
velhos? Não eu, eu, eu não é de velhos,
mas eu acho que o digital é é arcaico.
Dia de Todos os Santos, o dia dos mortos é o dia mais virtual
que existe. E nós temos essa forma
específica de falarmos com os nossos em dias definados, ou
então quando achamos que nos lembramos deles e, portanto, a
nossa convivência com o virtual, embora não seja OWWW.
É arcaica e está inscrita na nossa humanidade.
O que existe, na verdade, é uma espécie de raificação desse
virtual e que se tornou uma coisa autonomizada.
Mas não há nenhuma diferença entre esta forma específica de
vivência virtual, de proliferação de eues, que não
sou eu, e, por outro lado, a nossa ideia de virtual quando
nós caímos na real, ou seja, nas experiências específicas da
paixão que não correspondida. Essa experiência mais radical do
do virtual contemporâneo é só a ideia de que nós temos na nossa
cabeça histórias de amor que nenhum Cristo viveu, filosofias
inventadas que nenhum Kant se formulou e, portanto, essa não
há grande diferença. Qual é a diferença?
A diferença é precisamente a realidade concreta.
Da forma aparentemente mais disponível desses perfis
virtuais e que são tomados por por verdade, mas isso é a tarefa
também da filosofia escaqueirar com esses falsos ídolos.
Veio, veio, veio a seguir para conseguirmos destruir, destruir.
Isso estava a olhar e a pensar que rituais muito antigos, tal
como rituais digitais ou rituais da nossa vida social, na
realidade eles vão se repetindo. E tem toda.
Tem todo o mesmo cariz da mesma fórmula.
Eu penso que é a mesma essência e.
Portanto, não devíamos ficar assim tão preocupados com o
facto das gerações mais novas. Estarem eu penso, eu penso que
devemos viciadas, devemos ficar preocupados no sentido em que
aparentemente a aceleração, que é um termo de que gosta e que já
falou aqui, a aceleração dessa proliferação, pode levar ao
ponto de nós perdermos o pé ou o contacto com a própria
realidade. E, portanto, da mesma forma que
o dia de Todos os Santos, é um dia específico, um feriado.
E depois continuamos com o dia a dia.
O que pode perfeitamente acontecer é com a metáfora do
sonho, não é? Se alguém comparasse a sua vida
durante 12 horas num dia, a sonhar com a sua vida nas 12
horas, acordado, acabaria por se confundir e não saber qual era
mais verdadeiro. Verdadeiras se as 12 horas em
que está a dormir, se as 2 horas, 12 horas em que está
acordado. Portanto, o que pode
perfeitamente acontecer é mergulharmos nesse transe
virtual e podemos completamente o contacto com a própria
realidade. Mas isso aí são formas
patológicas. Acontece a qualquer pessoa.
O neorromântico não é que IA para o cemitério.
Pensar na sua amada está tão de tal, de tal maneira afetado,
idêntica a alguém que vive com jogos, a assistir a pornografia,
a achar que está apaixonado por uma imagem que olha para si,
aparentemente a sorrir e, portanto, lida com falsos
perfis, sem essa possibilidade de critério de decisão do que é
verdadeiro e do que é falso. É a minha.
Definição favorita do mundo que vivemos tem muito a ver com
Bauman e um mundo líquido, com a ambiguidade sendo.
Nós, quando podemos ser livres e temos que decidir o que é que
queremos para nós? O que é que é certo e errado?
Como é que nós conseguimos encontrar o certo num mundo tão
ambíguo como aquele em que nós vivemos hoje?
Essa é uma pergunta cartesiana, não é?
Porque precisamente logo No No princípio não é das 6 meditações
de filosofia primeira. Decarro te propõe essa essa
reflexão não é se como é que eu sei distinguir o que é sonho, o
que é vigília, ou seja, se eu tenho um pesadelo, eu sofro com
angústia enquanto estou a viver o sonho e não acordei e quando
tenho um sonho bom e acordo, eu gostava de lá estar a continuar,
a continuar e portanto, o certo é dado para decarro por esta
perceção clara e distinta de que eu estou em vigília.
Que é diferente de quando eu estou em vigília e de quando eu
estou a dormir. Porque quando eu estou a dormir
eu posso ter AAA ideia clara, não anulável de que é uma
angústia por causa destes e daquilo outras circunstâncias,
mas quando acordo, eu percebo, Ah, era um sonho mau, era um
pesadelo. E eu agora dificilmente, se não
quiser passar por doido, acho que vou acordar desta minha
conversa consigo para uma dimensão mais verdadeira e certa
do que esta e, portanto. O que o que a filosofia diz é,
há uma evidência apodíptica, isto é, não pode ser negada da
realidade em que eu me encontro. O que nós o que pode acontecer
é, eu posso pôr isso em dúvida. Não é?
Uma vez alguém disse me que tinha o direito a ter uma
opinião sobre o princípio da não contradição, não é?
Eu sentei me e não, não, não disse mais nada, mas o ponto é,
é, é, é precisamente este, é que nós temos a compreensão de que
não vamos acordar para uma outra realidade.
Outra coisa é diferente é quando nos lembramos esta conversa, o
dia de hoje, daqui a uma semana já este já tem uma densidade
onírica, já é diferente, que é que é própria da da da memória,
que é diferente do da situação em que eu me encontro aqui na
perceção. Não estamos praticamente a
fechar e eu preciso de levar deste programa uma resposta.
E a resposta é, como é que nós convencemos alguém que insiste
em dizer que há a minha verdade e a tua verdade, e não a minha
opinião? E a tua opinião?
Como é que há alguém? Como é que se consegue convencer
alguém que esta coisa da verdade não são múltiplas?
É uma só ou então não. E eu tenho uma perspetiva
completamente enviesada e pode haver várias verdades.
Eu, eu, essa é uma é uma pergunta.
De difícil resposta, EEE está me a intimar a uma resposta.
Eu eu diria que o princípio da não contradição, ou seja,
propriedades contrárias simultaneamente não podem ser
ditas do mesmo objeto. Esta esta taça não pode ser
vermelha e azul escura é é um critério de decisão que
correspondam nos princípios axiomáticos no ocidente dessa
dessa mesma definição, por outro lado.
A identidade a é a. Por outro lado, o princípio do
terceiro excluído, a ou não há não há no terceiro excluído.
Esses esses princípios permitem compreender, eu posso submetê
Los a uma opinião e posso gostar ou não gostar do princípio do
terceiro excluído, do princípio da identidade e do princípio da
não contradição. Mas Oo que eu percebo é, existe
a instância de inteligibilidade, de eu entrar em contradição ao
duvidar destas formas axiomáticas axioma, quer dizer,
digno de ser visto, precioso, e eu não posso negar esta
Valência. Os jantares de Natal com um
filósofo à mesa. São iguais aos outros todos ou
são muito mais complicados? Se o filósofo não encostar e
encarnar são ótimos e, portanto, eu deixo o meu eu comer o Peru
ou o bacalhau, no caso da véspera.
E o eu filosófico, desaparece e dilui, se não é quando a mãe
manda levantar a mesa ou manda pôr a mesa.
E aí não há filosofia. Existe é ser filho e bem
mandado. Afinal, somos todos muito mais
parecidos do que gostamos de admitir com os nossos medos,
esperanças e papéis sociais. Importa que nunca deixemos de
fazer perguntas e de exigir respostas até para a semana.