Segurando a ponta da infância e princípio da adolescência, nesse ponto fronteiriço da incerteza, aterrando nas coodernadas cheias de sol e tempo das férias grandes, ingresso num rol de episódios que fizeram de mim o animal ocasionalmente pensante em que me tornei, afiançam alguns. Sou filho da espera e do tédio. Recordemos um tempo onde havia margem e paciência para engendrar cenários disparatados em catadupa sem qualquer pinga de remorso de estarmos a desperdiçar a vida. Nessa altura precisava de muito pouco para me ocupar, a saber: formigas ou uma velha. Fui o biógrafo não oficial das caminhadas da idosa, o meu entretém pós-bonecada. A espera pela sombra, a contagem do tempo pelo tamanho da sombra influenciaram-me neste ofício de paciência que é a vida. A liberdade, por esses dias, era medida em metros quadrados de sombra. O boné como negociação, os primeiros hadoukens em contraste com o clima actual, Não há tempo para nada.

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