Ouvir "Cognição e Inteligência Artificial "
Sinopse do Episódio
Inteligência Artificial: Entre o Espelho e o Cérebro HumanoNos últimos anos, a inteligência artificial deixou de ser tema de ficção científica para se tornar parte do nosso cotidiano. Hoje, ela escreve textos, cria imagens, corrige provas, ajuda em diagnósticos médicos e até conversa conosco como se fosse um velho conhecido. Mas, afinal, até onde vai esse poder? E o que acontece com o cérebro humano diante dessa nova parceria com as máquinas?Muita gente me pergunta se o uso constante da IA pode nos deixar mentalmente mais preguiçosos. Eu gosto de responder com uma metáfora. Imagine uma régua representando um milhão de anos de evolução humana. Se fôssemos dividir essa régua várias vezes, o tempo presente seria apenas um traço minúsculo. Toda a revolução tecnológica — da escrita ao computador, da internet à IA — cabe em uma fração ínfima dessa régua. Seria exagero pensar que três anos de ChatGPT poderiam “atrofiar” um cérebro moldado por um milhão de anos de adaptação.O cérebro humano é um sistema de espantosa plasticidade. Quando uma área é afetada, outras se reorganizam para compensar. Essa capacidade explica nossa sobrevivência e nossa criatividade. E, como toda ferramenta inventada pela humanidade, a IA apenas amplia essa capacidade — desde que saibamos usá-la com consciência.Quando a imprensa surgiu, diziam que as pessoas deixariam de memorizar. Quando o Google apareceu, afirmaram que ninguém mais saberia pensar por conta própria. E quando as calculadoras se popularizaram, os professores temeram pelo fim da tabuada. A história mostra o contrário: a cada salto tecnológico, o ser humano redefine o que é pensar.O que está em jogo agora não é a capacidade cognitiva em si, mas a forma como gerenciamos nossa atenção. A verdadeira ameaça não é a IA, mas o excesso de estímulos — vídeos curtos, notificações incessantes, algoritmos que disputam nossa dopamina a cada rolagem de tela. É um vício invisível: o prazer de receber respostas instantâneas sem esforço. Aprendemos rápido, mas esquecemos mais rápido ainda. A aprendizagem profunda exige paciência, repetição e, sobretudo, tempo.Em minhas aulas no IFSC, uso a IA como aliada — e não como substituta do raciocínio. Já vi alunos criarem, em minutos, aplicativos que antes levariam dias de programação. Vi o brilho nos olhos deles ao perceberem que podiam ser criadores, não apenas consumidores de tecnologia. Isso é o que chamo de revolução pedagógica: transformar o estudante em autor, e não em mero espectador.Nas disciplinas de Refrigeração e Climatização, costumo dizer: “O segredo não é decorar comandos, mas compreender processos.” Quando a IA me ajuda a restaurar a barra de comandos do AutoCAD ou revisar um plano de ensino, ela me libera da repetição mecânica para que eu possa ensinar o raciocínio — a essência da engenharia e da educação.Mas é preciso cuidado. As IAs generativas — como o ChatGPT, o Google Gemini e a Manus AI — ainda cometem erros. Elas “alucinam”, ou seja, inventam dados com aparência de verdade. Isso acontece porque os modelos são treinados para tentar responder a tudo, mesmo quando não sabem. Por isso, sempre digo aos meus alunos: “Não acredite cegamente. Verifique. Questione. Refaça o caminho.” O verdadeiro pensamento crítico começa na dúvida.Uso três IAs com frequência. O ChatGPT Plus, da OpenAI, é meu principal assistente para preparar aulas e revisar textos. O Gemini, da Google, tem uma versão educacional gratuita que recomendo aos professores e alunos. E a Manus AI, uma plataforma chinesa, funciona bem como terceira opinião — é interessante comparar as respostas das três e até pedir que uma avalie o trabalho da outra. É um diálogo de inteligências.
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