Ouvir "A Inteligência Artificial e nossa cognição"
Sinopse do Episódio
Olá, seja muito bem-vindo ao nosso episódio de hoje.Eu sou o professor Jesué, e neste episódio, quero convidar você a refletir sobre um tema que está moldando silenciosamente o nosso modo de pensar, criar e aprender: o impacto da Inteligência Artificial na cognição humana.Vivemos um tempo fascinante — e também desafiador.Nunca antes tivemos tanto acesso à informação, nem tantas ferramentas para transformar ideias em realidade. Modelos generativos, como o ChatGPT, já fazem parte do nosso cotidiano. Eles escrevem, traduzem, resumem, criam, explicam e, às vezes, até decidem por nós. Mas será que essa facilidade tem um preço?Um estudo recente do MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, observou a atividade cerebral de estudantes enquanto escreviam textos com e sem o auxílio da IA. O resultado foi inquietante: aqueles que usaram a IA mostraram menor atividade em áreas do cérebro ligadas à atenção e à criatividade.Em outras palavras, o cérebro trabalhou menos. E isso, em longo prazo, pode significar menos estímulo para desenvolver as habilidades que nos tornam criadores e pensadores originais.A pesquisa da Microsoft, por sua vez, trouxe outro dado importante. Ao acompanhar mais de trezentos profissionais que utilizavam IA no trabalho, descobriu-se que em quase dois terços das tarefas realizadas com auxílio da máquina, não houve necessidade de pensamento crítico. As pessoas completavam suas atividades com mais rapidez — sim —, mas com menos esforço mental.É o que os neurocientistas chamam de descarregamento cognitivo, ou cognitive offloading.Nosso cérebro é programado para economizar energia. Se encontra um atalho confiável, tende a usá-lo. Quando passamos a terceirizar constantemente o raciocínio, a memória e a criatividade para uma ferramenta digital, ele se adapta — e pode começar a “desligar” certas áreas por desuso.E aqui está o dilema: quanto mais usamos a IA para pensar por nós, menos pensamos por nós mesmos.Não é que a máquina “nos torne burros”, como alguns dizem. O que acontece é mais sutil — e mais perigoso. Vamos perdendo o hábito do esforço mental, aquele pequeno desconforto que, na verdade, é o motor da aprendizagem e da originalidade.Mas há uma boa notícia: a inteligência artificial não é, por natureza, uma ameaça à inteligência humana.Tudo depende de como a usamos.Se encararmos a IA como um substituto, corremos o risco de atrofiar nossas habilidades cognitivas.Mas se a tratarmos como um co-piloto, um parceiro de raciocínio, podemos ampliar nossas capacidades.A pesquisadora Zana Buçinca, também da Microsoft, sugere uma técnica simples, mas poderosa: antes de pedir ajuda à IA, tente responder por conta própria. Formule a sua ideia, seu texto, sua hipótese. Depois, compare com a resposta da máquina. Assim, o cérebro é obrigado a participar ativamente do processo, em vez de apenas consumir o resultado.Esse tipo de prática é chamado de forçamento cognitivo — um treino intencional para manter a mente desperta, mesmo em um mundo repleto de facilidades.Podemos aplicar isso na sala de aula, no trabalho e até nas tarefas cotidianas: em vez de pedir que a IA resolva o problema, podemos pedir que ela nos ajude a pensar sobre ele.No fundo, o verdadeiro desafio da era da Inteligência Artificial não é tecnológico — é humano.Estamos aprendendo a conviver com máquinas que escrevem, falam e até raciocinam de modo convincente. Mas ainda somos nós os responsáveis por decidir como e por que usá-las.A IA pode ser uma aliada extraordinária — desde que mantenhamos o controle da curadoria humana: a capacidade de questionar, validar, criticar e escolher.Se abdicarmos disso, nos tornaremos espectadores do nosso próprio pensamento. Mas se cultivarmos a metacognição — a consciência de como pensamos —, então a IA deixará de ser um risco e se tornará um espelho poderoso do nosso potencial.
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