Ouvir "Verónica Pereira: “A verdade liberta, não me causa medo. Se não a contar, não tenho paz”"
Sinopse do Episódio
                            Tinha 36 anos quando se tornou a primeira e, até agora, única diretora da edição impressa do “Novo Jornal”, em Angola. Cerca de uma década depois, Verónica Pereira revisita, neste episódio d' O Tal Podcast, as marcas que acumulou com essa experiência. “Vi-me, durante muito tempo a carregar um peso muito maior do que eu, e uma exigência, como mulher, de ter que estar sempre com determinada postura, de acordo com aquilo que achavam que deveria estar, ser e fazer”. Além das pressões constantes a nível profissional – “não tinha noção do que era exercer um cargo de direção [de um jornal] num país como Angola, num contexto político terrível” –, Verónica relata o peso agravado das convenções sociais que encontrou. “Desde o início que ouço a mesma crítica: tu trabalhas demais, tens que olhar mais para outras áreas. Por exemplo: casa e família”, conta, sublinhando como as expetativas de género, e os resquícios coloniais dificultaram – e ainda dificultam – o processo de adaptação à sociedade angolana. A viver em Luanda há 16 anos, a hoje coordenadora de comunicação do Mosaiko - Instituto para a Cidadania, admite que ainda não se sente “devidamente integrada”, ainda que profissionalmente valorizada. “Decidi ir para Angola pela oportunidade de emprego, e possibilidade de crescer e fazer carreira, que aqui não teria”. Depois de um sólido percurso no mundo da comunicação social, que incluiu o lançamento do “Expansão” – o primeiro semanário de economia do país –, Verónica encontrou na área da defesa e promoção de Direitos Humanos um novo campo de especialização. “Era muito naïf, pensava que no jornalismo estaria a fazer aquilo que estava de acordo com os meus princípios, os meus valores. Quando percebi que não, saí”. Há sete anos no Mosaiko, a responsável de comunicação conhece agora uma Angola que vive longe das páginas de jornais, mas mais perto da pessoa que cresceu para ser. “[Nestas funções] sinto um encontro com aquilo que se calhar eu não sabia, mas estava dentro de mim desde muito criança”. Nascida em Portugal, filha de mãe angolana e pai cabo-verdiano, Verónica encontra na infância um manancial de lições de humanidade. “Vivia num bairro de lata, e ia para um colégio privado estudar. Já adulta, ponho-me a pensar: como é que era sair do bairro, encontrar o asfalto e atravessar aquilo tudo com a cabeça erguida?” Enquanto observa que “trabalhar direitos humanos com pessoas desumanizadas é muito mais difícil”, a convidada de Georgina Angélica e Paula Cardoso, afasta os estereótipos de insegurança associados aos chamados bairros de lata. “Em momento nenhum senti medo ou insegurança. Foi o lugar de pertença, em que me senti integrada, me deu um sentido de comunidade, e também uma cultura e ancestralidade”. A par das aprendizagens do passado e dos ensinamentos do presente, Verónica traz para a conversa os prenúncios do futuro. “Estou a aprender a aceitar a mudança que tem que ver com a idade”, diz, livre de subterfúgios. “A verdade liberta, não me causa medo. Se não a contar, não tenho paz”, revela nesta conversa d' O Tal Podcast. Para seguir aqui.See omnystudio.com/listener for privacy information.                        
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