Inflação desacelera em outubro e tem a menor alta para o mês desde 1998

11/11/2025
Inflação desacelera em outubro e tem a menor alta para o mês desde 1998

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Sinopse do Episódio

O IPCA variou 0,09% em outubro, após alta de 0,48% em setembro, uma diferença de 0,39 p.p.. Esse foi o menor resultado para um mês de outubro desde 1998, quando o índice foi de apenas 0,02%. No acumulado de 2025, o IPCA soma alta de 3,73%, e, em 12 meses, o índice ficou em 4,68%, abaixo dos 5,17% observados nos 12 meses anteriores. Em outubro de 2024, a inflação havia sido de 0,56%.

Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, três apresentaram queda em outubro: Artigos de residência (-0,34%), Habitação (-0,30%) e Comunicação (-0,16%). As altas ficaram entre 0,01% em Alimentação e bebidas e 0,51% em Vestuário. O grupo Habitação foi o principal responsável pela desaceleração do índice, influenciado pela queda de 2,39% na energia elétrica residencial, que exerceu o maior impacto negativo do mês (-0,10 p.p.).

O recuo reflete a mudança da bandeira tarifária vermelha patamar 2 para a bandeira vermelha patamar 1, que reduziu a cobrança adicional na conta de luz de R$ 7,87 para R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos. Mesmo com a queda no mês, a energia elétrica acumula alta de 13,64% no ano, sendo o principal impacto no IPCA de 2025 (0,53 p.p.). Em 12 meses, o aumento acumulado é de 3,11%.

O grupo Alimentação e bebidas apresentou teve variação de 0,01%, interrompendo uma sequência de quedas e exercendo pouca influência sobre o resultado geral. A alimentação no domicílio recuou 0,16%, com destaque para as reduções no arroz (-2,49%) e no leite longa vida (-1,88%). Entre as altas, sobressaíram a batata-inglesa (8,56%) e o óleo de soja (4,64%). Já a alimentação fora do domicílio pasosu de 0,11% em setembro para 0,46% em outubro, impulsionada pelos aumentos do lanche (0,75%) e da refeição (0,38%).

Já o grupo Vestuário (0,51%) apresentou a maior variação positiva do mês, impulsionada pelas altas nos calçados e acessórios (0,89%) e nas roupas femininas (0,56%), tradicionalmente mais pressionadas na virada de estação. Já em Despesas pessoais (0,45%), os principais destaques foram o aumento do empregado doméstico (0,52%) e do pacote turístico (1,97%).

O grupo Saúde e cuidados pessoais (0,41%) exerceu o maior impacto positivo do mês (0,06 p.p.), com aumentos nos artigos de higiene pessoal (0,57%) e nos planos de saúde (0,50%). Já em Transportes (0,11%), o avanço foi impulsionado pela alta da passagem aérea (4,48%) e dos combustíveis (0,32%). Tirando o óleo diesel (-0,46%), todos os combustíveis registraram aumento: etanol (0,85%), gás veicular (0,42%) e gasolina (0,29%).

Regionalmente, Goiânia (0,96%) registrou a maior variação mensal, impulsionada pela alta da energia elétrica (6,08%) e da gasolina (4,78%). Já as menores variações (-0,15%) foram observadas em São Luís e Belo Horizonte. Em São Luís, pesaram as quedas no arroz (-3,49%) e na gasolina (-1,24%), enquanto em Belo Horizonte houve recuos significativos na gasolina (-3,97%) e na energia elétrica (-2,71%).

A inflação surpreendeu vindo abaixo do esperado pelo mercado e trazendo uma mudança de cenário nas expectativas de convergência para esse final de ano e para o horizonte de meta de inflação observado pelo Comitê de Política Monetária que, em sua Ata divulgada hoje, manteve seu posicionamento de manutenção da Selic no atual patamar. É provável que o IPCA mais em conta venha a trazer ainda mais pressão para uma queda nos juros, mas que ainda não deve acontecer na última reunião deste ano.

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