Com déficit de US$ 7,1 bilhões em julho, contas externas têm o pior resultado dos últimos 6 anos e preocupam cada vez mais

26/08/2025
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Sinopse do Episódio

O déficit veio acima dos US$ 5,2 bilhões observados em julho do ano passado. No acumulado dos últimos doze meses até julho, o déficit em transações correntes atingiu US$ 75,3 bilhões, equivalente a 3,50% do PIB, acima dos US$ 73,3 bilhões (3,43% do PIB) registrados em junho e significativamente superior aos US$ 30,7 bilhões (1,37% do PIB) de julho de 2024, um aumento 145%.

A balança comercial de bens teve superávit de US$ 6,5 bilhões em julho, abaixo do saldo positivo de US$ 7,0 bilhões no mesmo mês do ano anterior. As exportações somaram US$ 32,6 bilhões, com alta de 4,8%, enquanto as importações aumentaram 8,3%, totalizando US$ 26,1 bilhões. No setor de serviços, o déficit foi de US$ 5,0 bilhões, patamar semelhante ao registrado em julho de 2024. As despesas líquidas com viagens internacionais tiveram aumento expressivo de 34,1%, alcançando US$ 1,6 bilhão, resultado do aumento tanto nas despesas, que somaram US$ 2,3 bilhões (alta de 27,2%), quanto nas receitas, que atingiram US$ 696 milhões (alta de 13,3%). Entre outros serviços, as despesas líquidas com telecomunicação, computação e informação subiram 52,7%, as relacionadas à propriedade intelectual cresceram 26,2%, e as de aluguel de equipamentos aumentaram 7%.

O déficit em renda primária somou US$ 8,9 bilhões em julho, 18,1% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. As despesas líquidas com juros totalizaram US$ 4,2 bilhões, 4,4% abaixo de julho de 2024, enquanto as despesas líquidas com lucros e dividendos, vinculadas a investimentos diretos e em carteira, atingiram US$ 4,7 bilhões, acima dos US$ 3,2 bilhões de julho de 2024, destacando-se a redução de US$ 1,1 bilhão nas receitas, que caíram para US$ 1,5 bilhão ante US$ 2,6 bilhões em julho de 2024.

O Investimento Direto no País (IDP) registrou ingressos líquidos de US$ 8,3 bilhões em julho, superando os US$ 7,2 bilhões de julho de 2024. Desse total, US$ 6,8 bilhões referiram-se à participação no capital, incluindo US$ 3,2 bilhões em participação no capital exceto lucros reinvestidos e US$ 3,6 bilhões em lucros reinvestidos, enquanto as operações intercompanhia somaram ingressos líquidos de US$ 1,5 bilhão. O IDP acumulado em doze meses alcançou US$ 68,2 bilhões, ou 3,17% do PIB, frente a US$ 67,0 bilhões (3,14% do PIB) em junho e US$ 65,2 bilhões (2,90% do PIB) em julho de 2024.

O aumento de 145% no déficit acumulado de 12 meses até julho em Transações Correntes para US$ 75,3 bilhões aponta para uma preocupação crescente nas contas externas do Brasil. O Investimento Estrangeiro Direto (IED) no mesmo período teve crescimento de apenas 4,6% no mesmo período, indo para US$ 68,2 bilhões. Há um ano, o IED era mais que o dobro do déficit de transações correntes, o que trazia muito conforto. A deterioração traz cada vez mais preocupação, pois aumenta a dependência em capital especulativo e juros mais altos para poder atrair recursos. A situação pode ser ainda mais agravada, caso o Brasil resolva escalar a briga com os EUA referente ao tarifaço, pois os investidores americanos são, hoje, maioria relevante no IED no Brasil.

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