Nas últimas décadas, o Brasil tem enfrentado um processo preocupante de estagnação econômica, especialmente quando se observa a evolução do PIB per capita usando a paridade de poder de compra (PPC). Segundo projeções do FMI, o país nunca esteve tão próximo da metade mais pobre do ranking global. Em 2025, o Brasil deve ocupar a 87ª posição entre os países analisados e, até o fim da década, deve cair ainda mais, para a 89ª colocação. Isso representa um retrocesso significativo frente ao 80º lugar que ocupava no início dos anos 2010.

O PIB per capita, especialmente quando ajustado pela PPC, é uma métrica relevante para mensurar o bem-estar econômico da população, pois leva em consideração tanto a produção total quanto o custo de vida em diferentes países. A trajetória brasileira, no entanto, revela um desempenho abaixo da média global, e até mesmo entre países emergentes, que historicamente compartilham desafios semelhantes.

Enquanto o PIB per capita do Brasil em PPC cresceu de US$ 13,7 mil em 1980 para US$ 19,6 mil em 2024, outros países em desenvolvimento avançaram de forma muito mais acelerada. A Coreia do Sul, por exemplo, que em 1991 tinha uma produtividade por trabalhador semelhante à do Brasil, mais que dobrou esse valor desde então, alcançando US$ 94 mil por trabalhador em 2025, contra US$ 42 mil do brasileiro. A China, a Polônia e a Turquia também ilustram esse contraste, apresentando aumentos expressivos em seus níveis de renda per capita. A Coreia do Sul, especificamente, deve chegar a um PIB per capita de US$ 61,7 mil até 2030, quase três vezes o valor projetado para o Brasil.

A taxa de poupança e o investimento no Brasil também estão em patamares insuficientes para sustentar um crescimento robusto. No primeiro trimestre de 2025, a taxa de poupança brasileira estava em 16,3%, um nível compatível com um PIB potencial de apenas 1,8% ao ano. Essa taxa já chegou a 19%, o que sustentaria um PIB potencial de 2,5%. Em contraste, a Coreia do Sul tem uma taxa de poupança de 35%, uma diferença estrutural que influencia diretamente a capacidade de investir em capital humano, infraestrutura e inovação.

Outro desafio é a baixa qualidade da educação básica no Brasil. Sem avanços significativos nessa área, o país dificilmente conseguirá aumentar a produtividade de sua força de trabalho, mesmo que haja investimento em capital físico. A deficiência educacional restringe a capacidade de trabalhadores brasileiros aproveitarem novas tecnologias e métodos de produção mais eficientes. Para piorar, a formação superior também segue desalinhada com as demandas do mercado.

A perda de posição relativa no ranking global também tem implicações sociais e políticas. O PIB per capita é uma variável que influencia diretamente o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e reflete a qualidade de vida e o acesso a oportunidades da população. O fato de o Brasil hoje ter um PIB per capita semelhante ao de 2013 indica não apenas uma estagnação econômica, mas também um retrocesso no bem-estar da população.

Esse conjunto de fatores coloca o Brasil em risco de ficar preso na chamada “armadilha da renda média”, uma situação na qual o país não consegue sair do estágio de economia emergente para o de economia avançada. Além de não avançar, o Brasil vem perdendo relevância no cenário global. A janela de oportunidade está se fechando, e o risco de envelhecer antes de enriquecer se torna cada vez mais real. Sem mudanças estruturais profundas, o Brasil continuará se aproximando, cada vez mais, da metade mais pobre do planeta.

Investir corretamente em educação já se provou ser a mola propulsora da economia dos países para deixar a condição de emergente e se tornar um país desenvolvido. Além disso, reformas estruturais, que diminuem a burocracia e melhoram o ambiente de investimentos, são essenciais para elevar a proporção do investimento sobre o PIB, que também traz um crescimento do PIB per capita.

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