A decisão da Superquarta não trouxe mudanças em relação ao que já se esperava

18/09/2025
A decisão da Superquarta não trouxe mudanças em relação ao que já se esperava

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Sinopse do Episódio

Nos Estados Unidos, houve uma redução de 0,25 p.p. na taxa de juros, indo agora para 4,00% a 4,25%, acompanhada de um discurso que promete novas reduções ainda este ano, encerrando 2025 provavelmente com a taxa abaixo dos 4,00%. Chamou a atenção do mercado a divergência do novo indicado ao Federal Reserve pelo presidente Donald Trump, que votou por um corte maior, de 0,5 p.p..

Aqui no Brasil, a Selic foi mantida em 15% ao ano pelo Comitê de Política Monetária, também sem grandes surpresas. Havia expectativa de que o comunicado divulgado junto com a decisão fosse mais ameno, o que abriria espaço para uma redução em dezembro. No entanto, o tom foi bastante “hawkish”, como se diz no mercado, ou seja, sem dar espaço para discutir cortes de juros no curto prazo, mesmo com a melhora recente no cenário externo e no câmbio. Assim, a chance de corte em dezembro é pequena e talvez nem aconteça no início do ano, já que o comunicado trouxe previsões de inflação mais alta por um período prolongado.

Esse cenário mexe bastante com a economia brasileira. A taxa de 15% ao ano torna mais complexos os investimentos, a expansão da produção e o capital de giro das empresas. Pelo lado da demanda, o consumo começa a ser ainda mais afetado, como mostram as quedas recentes nas vendas do varejo. O crédito para as famílias fica cada vez mais caro, dificultando ainda mais. A única variável que continua em expansão são os gastos governamentais, justamente a principal preocupação do Comitê de Política Monetária. Esse aumento de despesas amplia o déficit público, eleva o endividamento e gera pressão inflacionária, sustentando juros elevados.

É um quadro que precisa ser tratado para que as taxas de juros possam começar a cair. Mas o cenário fica ainda mais difícil porque 2026 será ano de eleição, e em anos eleitorais, em geral, a responsabilidade fiscal tende a ser deixada de lado para atender aos anseios de governantes que buscam reeleição ou querem eleger seus indicados. As perspectivas para os juros no país, portanto, permanecem bastante complexas.

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