Ouvir "XX Domingo do Tempo Comum - Homilia"
Sinopse do Episódio
O Evangelho que acabámos de ouvir, à primeira leitura, parece tudo menos “Boa-Nova”. Jesus Cristo diz: “Vim trazer o fogo à terra e como gostaria que já estivesse a arder!” E, mais adiante, afirma que não veio trazer a paz, mas a divisão: “estarão três contra dois e dois contra três; pai contra filho e filho contra pai”. Em tempo de vaga de incêndios, estas palavras perturbam-nos e soam, à primeira vista, ao contrário do resto da mensagem de Deus.Se olharmos bem, percebemos que o fogo é um símbolo riquíssimo. Primeiro, o fogo ilumina. Dizer que Jesus veio trazer o fogo à terra é dizer que Ele veio trazer luz: ajudar-nos a ver com verdade e de modo realista como as coisas são — não apenas o que são, mas também aquilo em que podem tornar-se. Com o olhar iluminado pela luz de Cristo, passamos a ver o mundo com esperança e com horizontes mais amplos.Mas o fogo é também purificador. Purifica os metais; renova os ambientes; as queimadas, feitas no tempo certo, preparam a terra para colheitas mais férteis. Simbolicamente, este fogo de Deus convida-nos a queimar o que está a mais: aquilo que nos impede de viver em comunhão com o Senhor; o que é velho e desumaniza; tudo o que nos trava no caminho de discípulos de Jesus Cristo — o egoísmo, a inveja, a discórdia. Queimar o egoísmo para que nasça em nós a paz, a harmonia, a generosidade e a alegria que só Deus pode dar.Quando nos deixamos iluminar e transformar por Deus, é normal encontrarmos resistências — muitas vezes onde menos esperamos: em casa, na família, entre amigos. Foi o que aconteceu, na primeira leitura, com Jeremias: acusaram-no de desanimar o povo quando, na verdade, proclamava palavras de fogo que iluminavam a verdade da vida e queimavam o que não estava conforme os planos de Deus.Atenção: o Senhor não quer que vivamos desavindos, nem nos convida a procurar conflitos. A “divisão” de que fala é a consequência de seguirmos Jesus com verdade. Ao escolhermos o Evangelho, opomo-nos ao que está errado, vivemos de modo diferente daquele que o “mundo” propõe, e isso gera tensões. Jesus “traz divisão” apenas no sentido de estabelecer uma fronteira entre o que nos aproxima do amor de Deus e o que nos afasta dele.Este fogo é libertador. Pensemos na nossa experiência: quantas vezes, diante de um bem maior, sentimos arrependimento — um ardor interior que nos queima por dentro e nos faz desejar nunca mais repetir o erro? É este o fogo purificador de que falamos: o fogo que é dom do Espírito Santo.Por isso, enquanto caminhamos nesta terra como discípulos de Jesus Cristo, peçamos ao Senhor que nos ilumine, nos purifique e nos liberte.
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