Salmo 88: "O salmo do zumbi"

22/04/2024 13 min

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Sinopse do Episódio

Estudo do canal Teodidatas sobre o Salmo 88, intitulado "o salmo do zumbi".

Esboço:
1. O primeiro clamor (1-2)
2. O sentimento de morte do salmista (3-5)
3. O salmista reconhece a disciplina de Deus (6-9a)
4. O segundo clamor: os mortos não podem louvar a Deus (9b-12)
5. O terceiro clamor (13-14)
6. Descrição final da situação do salmista: a solidão é comparada à morte (15-18)

Verso-chave: 5.

Texto:
Cântico. Salmo dos coraítas. Para o mestre de música. Conforme mahalath leanoth [“O sofrimento do Aflito”]. Masquil do ezraíta Hemã.
1Ó Senhor, Deus da minha salvação,
a ti clamo dia e noite.
2Que a minha oração chegue diante de ti;
inclina os teus ouvidos ao meu clamor.
3Tenho sofrido tanto que a minha vida
está à beira da sepultura!
4Sou contado entre os que descem à cova;
sou como um homem que já não tem forças.
5Fui deixado entre os mortos;
sou como os cadáveres que jazem no túmulo,
dos quais já não te lembras,
pois foram tirados da tua mão.
6Puseste‑me na cova mais profunda,
na escuridão das profundezas.
7A tua ira pesa sobre mim;
com todas as tuas ondas me afligiste.
Pausa
8Afastaste de mim os meus melhores amigos
e me tornaste detestável para eles.
Estou preso e não consigo fugir;
9os meus olhos estão ofuscados de tanta tristeza.
A ti, Senhor, clamo dia após dia;
a ti ergo as minhas mãos.
10Acaso mostras as tuas maravilhas aos mortos?
Acaso os mortos se levantam e te louvam?
Pausa
11Será que o teu amor leal é anunciado no túmulo
e a tua fidelidade na Destruição?
12Acaso são conhecidas as tuas maravilhas na região das trevas
ou os teus feitos de justiça na terra do esquecimento?
13Mas eu, Senhor, a ti clamo por socorro;
já de manhã a minha oração chega à tua presença.
14Por que, Senhor, me rejeitas
e escondes de mim o teu rosto?
15Desde moço tenho sofrido e ando perto da morte;
sob o peso dos teus terrores, fui levado ao desespero.
16Sobre mim se abateu a tua ira;
os pavores que me causas me destruíram.
17Cercam‑me o dia todo como uma inundação;
envolvem‑me por completo.
18Tiraste de mim os meus amigos e os meus companheiros;
as trevas são a minha única companhia.

Reflexão:
1. Sabemos que uma boa parte do Saltério é composta por lamentos. Dentre todos os cânticos de lamentação, o Salmo 88 é o mais extremo.
2. O Salmo 88 é tão extremo porque nele o elemento da esperança é quase imperceptível.
3. A situação desesperadora é comparada com a própria morte. Há uma teologia da ressureição ainda em elaboração. Mas, antes de isso atestar contra a teologia do salmista, na verdade enriquece literariamente a sua composição.
4. O poeta se sente abandonado por Deus, numa condição em que Deus não age e num lugar em que ele não está. Se a presença divina não se encontra na sepultura, então a condição em que o salmista se encontra é facilmente comparada à morte. Embora esteja vivo, ele se sente como morto. Nos dias de hoje, ele seria comparado a um zumbi (por isso o título dado a este estudo).
5. Contudo, ainda assim, o salmista reconhece a grandeza e a soberania de Deus. Do contrário, por que clamaria? Por que oraria a Deus das profundezas da sua cova? Aliás, ele reconhece que é por disciplina divina que se encontra nesta situação.
6. Você já se sentiu tão angustiado como esse estivesse à beira da morte? Você já se sentiu tão sozinho a ponto de parecer que foi abandonado numa sepultura? Você é capaz de reconhecer a soberania, a bondade e a disciplina de Deus mesmo em situações como essas? E, por fim, ainda que você não tenha forças para louvar, você é capaz de ao menos clamar a Deus e descrever a situação na qual você está, e como você está se sentindo? Esse certamente será o primeiro passo para que o seu clamor se transforme em esperança, e a sua angústia em louvor. E, ainda que você se sinta como morto, jamais esqueça de que Cristo Jesus, o Deus salvador, venceu a morte, e nele somos mais do que vencedores mesmo diante das circunstâncias mais adversas da vida.