Odair José: músico que propôs hibernar, um ano antes do confinamento

11/10/2020 1h 13min Episodio 5

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Sinopse do Episódio

Ele surgiu no cenário musical brasileiro na rica década de 1970 como um furacão. Odair José, o cantor da pílula; o terror das empregadas, o Bob Dylan da Central do Brasil. Estas foram algumas das expressões criadas pelos jornalistas da época para tentar definir o então novo fenômeno. Alguns o chamam de divisor de águas para a música brasileira, mas ele prefere ser chamado de misturador. De uma maneira ou outra, Odair José pode ser traduzido também como um dos maiores vendedores de discos do país e um dos mais censurados pela ditadura, perdendo apenas para Chico Buarque. Compositor de melodias simples e letras diretas, ele trouxe o cotidiano do povo para a música brasileira, para os discos, as estações de rádio e televisão. Um ano atrás, o músico lançou seu 37º álbum, cuja canção que abre o trabalho propunha “hibernar”. Mal sabia ele que, um ano depois, aqueles versos caíram como uma luva e estaríamos todos confinados. Isolado em sua casa na Granja Viana desde março, o cantor e compositor atendeu nosso convite para uma entrevista. Ficar em casa não é o grande problema para ele - um apaixonado pela região que escolheu para morar há quase duas décadas -, mas ficar longe do palco, sim. Em um bate-papo descontraído e mediado pela tecnologia, aquela mesma que ele duvidava presenciar, reviveu momentos de sua carreira, falou da amizade com Raul Seixas, opinou sobre o cenário musical brasileiro e, de certa forma, lamentou ter estado tão em sintonia com os acontecimentos atuais. Aos 72 anos, sendo 50 de carreira, sente-se livre artisticamente e diz que vai até onde o corpo aguentar. Fez uma parceria recente com Arnaldo Antunes para a trilha sonora de "Meu Álbum de Amores", filme de Rafael Gomes que tem previsão de estreia para o ano que vem, e já planeja seu próximo trabalho, um disco que traga como tema os seres humanos.