O que o (quase) fracasso me ensinou - Episódio 391 – Fabio Flores

22/01/2020 8 min

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Sinopse do Episódio

Hoje eu venho aqui te contar a história do dia em que no meu show tinham só 6 pessoas.
Eu não sei se você sabe mas antes de me especializar no estudo da Inteligência Emocional eu vivi quase dez anos exclusivamente da arte do humor. Era uma fase em que eu tinha programa de TV e de rádio e me apresentava também nos palcos de bares, teatros e cinemas.
Por conta da repercussão do trabalho nas mídias e da performance do meu grupo ao vivo a gente vinha acumulando um público bem cativo que lotava nossos shows até em dia de semana.
Só que um dia a gente chegou pro show e tinham apenas duas mesas reservadas. Era uma mesa pra quatro pessoas e outra pra um casal. Ou seja... a gente iria fazer um show pra 5 pessoas. E humor é diferente de música. Em barzinho com música ao vivo o músico toca o que ele gostar e pronto. Num show de comédia o ritmo do show é ditado pela cadência das gargalhadas. E um show pra 6 pessoas seria muito difícil de ter este feedback. A gente fazia o show em 3 humoristas. Nosso grupo era um trio. Meus dois companheiros disseram: Vamo lá nas mesas se desculpar e dizer que não vai ter show hoje. E nesta hora eu disse que não. Eu falei que ali tinham 3 casais. Cada casal saiu de um lugar diferente, eles se arrumaram, eles combinaram de vir ao show, eles criaram uma expectativa. Eles fizeram a parte deles. Não é justo a gente punir quem veio por agente estar frustrado com quem não veio. Eu dei idéia dagente começar o show de trás pra frente. Falei pra gente começar o show pela parte musical. E começamos a cantar umas músicas engraçadas e fazer aquele pequeno público participar. E foi muito divertido e envolvente. A medida que a gente foi fazendo os garçons da casa se envolveram com o show também. Pra nossa surpresa foi chegando gente que não havia reservado. Pouco a pouco foi chegando mais gente e terminamos o show com quase 20 pessoas. Nosso público médio era pelo menos 5 vezes maior quew este. Mas neste dia cada um entrou decidido a dar o melhor e a platéia se sentindo valorizada nos retribuía com sorrisos e aplausos. Ao fim do show os casais que estavam lá desde o início disseram: Poooxa, vocês estão de parabéns. Não é qualquer humorista que aceita fazer pra uma platéia tão reduzida. A gente tava só em 6 pessoas e vocês fizeram com a mesma energia dos dias de shows lotados.
Eu agradeci o elogio e agradeci pela presença.
Pra minha surpresa naquela mesa que tinham dois casais... um das mulheres era filha de um grande executivo de uma das maiores empresas com filial no Espírito Santo. A gente foi indicado por ela e contratado para fazer diversos eventos nesta empresa e durante um tempo esta empresa foi patrocinadora de nosso programa de rádio.
E sabe porque eu te contei esta história? Por que isso também pode acontecer com você em seu ramo de trabalho. Independente de qual for sua área de atuação. A nossa missão como profissional não é com as massas. É com a pessoa. Cada pessoa se relaciona com a gente de maneira individual. A gente precisa tocar o mundo da pessoa não de uma multidão. Quando você reconhece que cada pessoa é importante da mesma maneira a sua vaidade dá lugar ao senso de responsabilidade. Responsabilidade com cada pessoa. Assim como um médico que cuida de um paciente. Ele não trabalha pro SUS com seus milhões de pacientes. Ele a cada atendimento trabalha pra uma única pessoa. E esta pessoa é o amor da vida de alguém. Qualquer erro ou acerto fará uma diferença enorme pra quem este médico atender. Lidamos com seres humanos singulares. Perceber e respeitar estas singularidades faz a gente entender nossa missão e compreender o porque fazemos o que fazemos.
Se permita valorizar a presença dos presentes. E assim receberá o presente da Gratidão de quem se sentiu valorizado.

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