No episódio #9 do Penido’s Podcast, recebemos Tim Vickery — jornalista inglês radicado no Brasil desde 1994, correspondente de futebol sul-americano da BBC Sport e analista do Redação SporTV. Entre histórias de quase três décadas cobrindo o nosso futebol e reflexões afiadas sobre o jogo moderno, Vickery abre o coração sobre a influência do rádio no Brasil, bastidores da profissão e o que enxerga para Seleção e clubes.Ele começa lembrando como foi acolhido no fim dos anos 90 e presta reverência à tradição dos narradores brasileiros. A partir daí, mergulhamos em temas quentes: os prêmios recentes na Europa (Dembélé e Lamine Yamal), a eterna comparação Messi x Cristiano, e por que o brilho individual só faz sentido quando o coletivo funciona.Neymar ganha uma análise franca: o talento que encantou desde 2009, as cobranças desumanas, a dificuldade em lidar com derrotas e a leitura de que hoje pode ser “arco”, mas talvez não “flecha”. Tim explica por que, neste momento, tem dúvidas sobre o papel do camisa 10 na Seleção — embora veja espaço para evolução com sequência de jogos.Falamos também de centroavantes: Pedro (finalizador de elite, mas com limitações fora da área em jogos grandes) e João Pedro (combinações, elegância e futuro promissor). No contraponto, Vickery se declara encantado com Igor Jesus, citando atuações que, para ele, foram as mais impressionantes do ano.O papo passa por Vasco e São Januário — encanto histórico, match day especial e o desafio estrutural —, pela boa janela de reforços e a difícil compatibilização de perfis como Vegetti e Philippe Coutinho. Tim comenta ainda CBF, estaduais e SAFs: dá notas baixas ao modelo atual, defende calendário que mantenha clubes “pequenos” ativos o ano inteiro e alerta para riscos de estruturas societárias sem controle e sem plano claro de retorno.Na esfera internacional, ele detalha por que a Premier League abriu vantagem sustentável em poder de contratação e audiência, mas vislumbra no médio prazo um projeto “pan-americano” (Brasil, Argentina, México e EUA) capaz de criar um produto competitivo globalmente — desde que se resolvam gargalos de logística e calendário.Entre os clubes, o meio-campo que pensa o jogo ganha destaque: a volta de Jorginho ao Brasil como símbolo do volante que dita ritmo, organiza e eleva o espetáculo. Sobre os gigantes daqui, Vickery analisa a força do elenco do Flamengo, o teste de Libertadores, e as possibilidades no Brasileirão diante de Cruzeiro e Palmeiras.Na Seleção, ele aposta no “simplificador” Ancelotti para dar rumo em pouco tempo, vê um bloco de oito seleções muito próximas (com leve vantagem da Espanha hoje) e lembra: Copa se decide naquele mês específico, como em 2002. E ainda sobra tempo para quadros rápidos: notas para CBF, SAF, Abel Ferreira e Filipe Luís, além do “gol da vida” — Koeman em Wembley, 1992.Um episódio para ouvir com atenção: contexto histórico, tática, cultura do jogo e histórias humanas contadas por quem vive o futebol sul-americano por dentro há quase 30 anos.

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