Ouvir "O erro da BBC e a nova e esperada vaga de ataque ao jornalismo"
Sinopse do Episódio
Donald Trump, em entrevista à estação de televisão norte-americana Fox: “Eles [a BBC] alteraram o meu discurso no [dia] 6 de Janeiro [de 2021], que foi um discurso lindo, que foi um discurso muito calmo, e fizeram-no parecer radical”. Vai daí, de duas uma: ou a televisão pública britânica se retrata e pede desculpas, ou vai avançar com uma cçãojudicial com um pedido de indemnização de 863 milhões de euros – ou seja, mil milhões de dólares. Na aparência, o que aconteceu por estes dias em torno de um documentário emitido pela BBC, parece normal: o trabalho foi feito com a manipulação das palavras do presidente norte-americano para tentar provar a sua culpa nos atentados contra o Capitólio, e o visado dessa manipulação tem o direito de exigir na justiça a reparação de danos pessoais. Só que, por detrás desta aparente normalidade, reforça-se uma tendência de fundo que se insere na sistemática campanha de pessoas, partidos e associações da extrema-direita para deslegitimar o jornalismo. Afinal, a BBC já fez prova do reconhecimento do seu erro, que levou à demissão de Tim Davie, director-geral da estação, e de Deborah Turness, directora executiva de Informação da emissora. Na realidade, como escreveu Pedro Adão e Silva no Público desta quarta-feira, o que está em causa não é “uma simples crítica a um órgão de comunicação, mas uma estratégia global, concertada para substituir a busca da verdade pela propaganda”. Sim, os media erram – na sua edição impressa, o Público tem um espaço para expor os seus erros diários. Mas uma coisa é reconhecer o erro, assumi-lo e corrigi-lo, até com a demissão dos responsáveis, outra coisa é encontrar no habitualmente exemplar jornalismo da BBC um indício de que “o poder é escrutinado com maior ou menor ferocidade tanto quanto os ocupantes estão próximos ideologicamente da maioria dos jornalistas”, como escreveu Maria João Marques. Para falarmos sobre a campanha de descredibilização do jornalismo que assume um papel estratégico no discurso de Viktor Órban ou de Donald Trump, convidámos Felisbela Lopes, Doutorada em Ciências da Comunicação pela Universidade do Minho em 2005 e Professora Catedrática do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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