Ouvir "Ana Markl: “A menopausa traz uma grande libertação. Não estava a contar, mas devo dizer que é um conhecimento sobre mim que me faz sentir mais jovem” "
Sinopse do Episódio
A idade que temos coincide com aquela que sentimos ter? Envelhecer retira prazer sexual? Porque é que homens e mulheres andam tão zangados uns com os outros? O feminismo está sob ataque, enquanto as masculinidades tóxicas progridem? Neste episódio d’ O Tal Podcast - gravado ao vivo, na Fábrica Braço de Prata, em Lisboa, e com o tema “Reescrever o Tempo”- Georgina Angélica e Paula Cardoso conversam com Ana Markl e Tânia Graça sobre o impacto da passagem dos anos, no corpo e na mente, e os progressos e retrocessos que nos acompanham neste tempo de ‘algoritmização’ acelerada. “A quantidade de informação é tão ansiogénica que nos paralisa”, nota Ana, alertando para a inércia coletiva que se observa diante de tragédias, como a da Palestina. “Noutros períodos da história, as pessoas não sabiam o que se estava a passar e deixaram que acontecesse. Acreditavam na propaganda, nas narrativas. Neste momento não há desculpa”. Outro sinal da época em que vivemos evidencia-se nas masculinidades tóxicas, e o regresso a velhos e opressores papéis de género. “Como os valores do feminismo nunca se concretizaram por inteiro, estamos sempre a voltar para trás. E a falar do que falávamos nos anos 60”, assinala Tânia, perentória no diagnóstico. “Progresso mais forte traz contramovimento mais forte. Acho que tem sido isso que temos visto acontecer, não só em Portugal como no mundo, em que movimentos conservadores e políticos crescem, alimentam preconceitos horríveis”. Entre o que observamos à volta, e o que observamos em nós, que histórias estaremos a escrever e até a reescrever? “A menopausa traz uma grande libertação – sobretudo numa idade em que ainda estou bastante válida – em perceberes que já não estás a competir no mesmo campeonato a que a sociedade te obriga durante muito tempo, que é o de ser gira, desejável e fresca”, defende Ana. Preparada para dar a volta aos revezes do tempo a autora conta que, no verão passado, celebrou com um bolo a nova fase da sua vida adulta. “Não estava a contar, mas devo dizer que é um conhecimento sobre mim mesma que me faz sentir mais jovem”, revela, apaziguada com o que ficou para trás. “O envelhecer enquanto estigma não me apoquenta. Angustia-me o receio de não ter saúde, até porque fui mãe aos 40, e quero desfrutar do meu filho”. Já Tânia Graça, lembra que muitas vezes o espelho devolve-nos a idade, a partir das pessoas que estão à nossa volta. “Vou vendo a minha mãe, que tem 71 anos, está ótima e com muita saúde, mas há esse confronto com a passagem do tempo”. Da mesma forma, a psicóloga e sexóloga, partilha a perplexidade de ver o sobrinho mais velho, de 17 anos, a avançar para a conclusão do ensino secundário. “Às vezes sinto uma certa crise existencial: tenho 33 anos, que coisas ainda me falta fazer? Será que tenho tempo para fazê-las? Às vezes isso dá-me uma sensação, que não é real, de que tenho pouco tempo”. A caminho de mais um aniversário, Tânia aponta um dos questionamentos que a idade lhe trouxe. “Tenho o cabelo super branco, e pintar ou não pintar é um debate interno. Porque os meus valores dizem: não tenho que pintar, não tenho que esconder o meu envelhecimento, mas é facto que tenho pintado”. A escolha, sublinha a psicóloga, evidencia o poder dos condicionamentos a que todas as pessoas estão sujeitas.“Aqui ninguém é alecrim dourado que nasce do campo sem ser semeado. Estamos todos em desconstrução”. Ouça aqui esta conversa com Georgina Angélica e Paula Cardoso, pontuada de gargalhadas e reflexões. See omnystudio.com/listener for privacy information.
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