Ouvir "Papo Lendário #227 – A Cidade de Ugarite"
Sinopse do Episódio
Nesse episódio do Papo Lendário, Leonardo entrevista o professor Rogério Lima de Moura sobre a descoberta de Ugarite. A conversa foi sobre essa região e os textos míticos e religiosos encontrados.
Conheça mais sobre Baal, o seu Ciclo, e diversos outros deuses dessa região, como El, Asherah, Yam e Mot. Além da relação que tais deuses possuem com Yaweh e Israel.
-- EQUIPE --
Pauta, edição: Leonardo
Locução da abertura: Ira Croft
Host: Leonardo
Participante: Rogério Lima de Moura
-- APOIE o Mitografias --
-- LINKS --
Contatos do convidado:
Academia.edu
Facebook
Instagram
LIVRO - Religiao, Arte e Cultura
Curso: História e Religião da Antiga Judá - séculos VIII- I a.C.
-- Agradecimentos aos Apoiadores --
Alan Franco
Alexandre Iombriller Chagas
Aline Aparecida Matias
Ana Lúcia Merege Correia
Anderson Zaniratti
André Victor Dias dos Santos
Antunes Thiago
Bruno Gouvea Santos
Clecius Alexandre Duran
Domenica Mendes
Eder Cardoso Santana
Eduardo Oliveira
Everson
Everton Gouveia
Jeankamke
Jonathan Souza de Oliveira
Leila Pereira Minetto
Lindonil Rodrigues dos Reis
Marcia Regina M. Garcia
Mateus Seenem Tavares
Mayra
Patricia Ussyk
Paulo Peiker
Rafael Resca
Rafa Mello
Rosenilda A. Azevedo
Surya Namaskar
Talita Kelly Martinez
Willian Rochadel
-- Transcrição realizada por Amanda Barreiro (@manda_barreiro) --
[00:00:00]
[Vinheta de abertura]: Você está ouvindo Papo Lendário, podcast de mitologias do projeto Mitografias. Quer conhecer sobre mitos, lendas, folclore e muito mais? Acesse: mitografias.com.br.
[Trilha sonora]
Leonardo: Muito bem, ouvinte. O local do qual falaremos no episódio de hoje muito provável de você nunca ter ouvido, mas talvez conheça, sim, os deuses adorados nessa região. Hoje, o episódio será sobre a religião, os mitos e deuses de Ugarite. Não se preocupe se o nome for estranho, pois vamos explicar tudo isso aqui. Na verdade, quem vai explicar é o convidado de hoje, o professor Rogério, que, dentre os seus trabalhos, está um focado nessa região, inclusive com comparações com trechos bíblicos. Então seja bem-vindo, professor, e pode se apresentar para o ouvinte.
Rogério: Olá, Leonardo. Olá, todos e todas que estão nos ouvindo. É um prazer enorme estar aqui, falar um pouco de um tema tão importante para a história do levante e todos esses conceitos que trabalharemos na nossa fala. Então o meu nome é Rogério Lima de Moura, eu estou fazendo o meu doutorado na Universidade Metodista de São Paulo, na área de Ciências da Religião. Meu enfoque é o mundo ali do Levante, principalmente a história do antigo Israel e da antiga Judá, e eu trabalho também bastante as questões do imaginário religioso, das construções ideológicas que estão inseridas aí no período. Então eu tenho formação, a minha graduação, o meu bacharelado foi em Teologia, meu mestrado também foi em Ciências da Religião, sempre trabalhando esses aspectos, trabalhar a Bíblia hebraica como objeto de pesquisa. E muito da Bíblia hebraica, não só Israel e Judá, mas as cidades que eram vizinhas ali ao antigo Israel e à antiga Judá, e também fazer algumas análises comparativas, que veremos daqui a pouco na minha fala, essa questão de como que Israel e Judá participam também do imaginário religioso, das construções religiosas ali do Levante, daquela região do Levante. Então é um prazer enorme estar com vocês neste podcast.
Leonardo: Bom, o tema de hoje é Ugarite, e, quando se pesquisa por esse nome, normalmente os primeiros resultados são falando sobre a descoberta dessa região, a descoberta de Ugarite, mas então é legal mostrar para o ouvinte o que realmente é, o que foi essa descoberta, o que foi descoberto lá.
Rogério: Ugarite é uma antiga cidade ali na região do Levante. Se você preferir, se os ouvintes preferirem, estou falando daquela área que comumente é chamada de Palestina. Então a região que ficam ali o antigo Israel, a antiga Judá, a Fenícia, a Síria, cuja capital é Damasco. Então toda aquela região ali nós chamamos de região levantina, é o Levante. Em 1929, naquela região ali que hoje é a atual Síria, norte da atual Síria, na cidade de Ras Shamra foram encontrados diversos tabletes, documentos de suma importância não só para a história da região, mas também para os estudos bíblicos. Por quê? Porque, até então, nós tínhamos apenas informações de algumas divindades, por exemplo, só a partir dos textos bíblicos, então muitas vezes a gente ficava só restrito ao texto bíblico para analisar uma divindade, por exemplo, como Baal. Então, quando foram descobertos esses documentos, esses tabletes de barro - a partir de 1929 começaram as escavações em Ras Shamra - surgiram, a partir de então, sobre a religiosidade daquela região, sobre a cultura daquela região, as interações culturais entre as regiões ali do Levante etc. Junto com as descobertas do manuscrito do Mar Morto, as descobertas dos documentos em Ugarite revolucionaram os estudos bíblicos. Então nós temos alguns documentos que foram encontrados lá. Eu vou me focar em apenas três documentos, que são os principais para estudar a cultura, a religião de Ugarite, então nós temos três documentos que eu vou citar aqui. Vou falar um pouquinho rapidamente do enredo desses documentos. O primeiro documento que foi encontrado lá é o chamado Ciclo de Baal. Então esses documentos narram - o conteúdo desse texto, que é o Ciclo de Baal, um texto mítico - o combate entre o deus da tempestade, que no caso é o Baal, contra o seu irmão Yam. Na segunda parte do enredo do Ciclo de Baal, que é esse texto, tem um novo combate do deus Baal contra o rival, que é o deus Mot. Então essa narrativa foca principalmente em um arquétipo, que a gente pode falar de um arquétipo, que também perpassa toda a região ali do Levante, que é a luta entre uma divindade da ordem contra uma divindade caótica. No caso do Ciclo de Baal, esse texto encontrado, nós temos duas divindades rivais ao Baal, que é considerado o deus da ordem, que são os deuses Yam, que significa mar, e o deus Mot, que significa morte. Depois, nós temos um outro documento que foi encontrado também, que é a lenda do rei Keret. Então o conteúdo desse texto, a lenda do rei Keret, narra a história de um rei chamado Keret que fica sem herdeiro ao trono, então aí aparece o deus El - ou deus Él - em sonho para ele e o ajuda a encontrar uma princesa. Essa narrativa desse texto encontrado foca principalmente na questão da posteridade do reino: o rei precisa de um herdeiro, aí ele pede, roga aos deuses para que ele possa encontrar uma esposa. Aí então o deus El, que é o chefe do panteão cananeu - falaremos daqui a pouco - auxilia o rei Keret a encontrar uma princesa. E, por fim, nós temos um outro texto chamado A Lenda de Aqhat. (Danel) [00:07:06] não tem filhos, e aí o que acontece? Em uma festa, o deus artesão Kotar, que também é uma divindade do panteão ugarítico, presenteia Aqhat com um arco, e aí a deusa Anath - que também é uma divindade feminina guerreira, uma divindade forte, ela é irmã também do deus Baal -, como uma divindade guerreira, ela cobiça o arco do Danel e oferece imortalidade à Aqhat. Aqhat recusa a imortalidade e ceder o seu arco para a deusa, e aí a Anath fica muito brava e quer matar o Aqhat. Mas, infelizmente, nós não temos o final da história, porque o tablete de barro foi corrompido, então nós infelizmente não podemos saber mais o final da história. Então, só para sintetizar para os ouvintes, tem outros textos - textos administrativos etc.
Leonardo: É isso que eu ia perguntar. Se tem outros, além dos mitos, além de deuses. Também foram encontradas coisas em si, não é?
Rogério: Isso. Então foram encontrados textos administrativos, textos ritualísticos etc., mas, para a minha pesquisa mesmo, que eu fiz no mestrado, eu trabalhei principalmente - não só, mas principalmente - com o Ciclo de Baal para estudar esses deuses e essas deusas que aparecem no panteão ugarítio. Então, finalizando essa primeira pergunta, Ugarite é uma primeira cidade que é considerada cananeia. Por quê? Porque os estudiosos perceberam que ela compartilha a língua semítica daquela região, da cultura. Há algumas convergências culturais naquela região, e Ugarite, segundo alguns autores, participa dessa cultura levantina, daquele período. Estamos falando do décimo quarto, décimo segundo século antes da era cristã. Para quem estuda, por exemplo, o Antigo Egito, nós estamos falando do período de Amarna... esses textos foram encontrados.
Leonardo: E foi a descoberta dessa cidade ou já se tinha, de repente, por ter a Bíblia e outras coisas, já se sabia de ter algo ali, ou realmente antes de descobrir não tinha nada, nem se sabia que existiria nem nada? Não tinha nenhum vestígio?
Rogério: Na verdade, Leonardo, geralmente as descobertas sempre têm uma narrativa meio engraçada. De repente, uma pessoa está passeando em um local, vê um texto, aí chama a atenção de algum estudioso. Geralmente é essa história que contam, não só de Ugarite, mas também, se você for...
Leonardo: A pessoa nem sabe o que é, o valor daquilo...
Rogério: Isso.
Leonardo: ... e a gente vai ver o quão grandioso é.
Rogério: Isso mesmo, é por aí. Para a nossa sorte, cai na mão de um estudioso, alguém que percebe que aquilo lá não é algo comum, e aí começa-se a perceber que aquela localidade tem algo importante ali. Aí começa-se a fazer os estudos de mapeamento da localidade e tal para saber, primeiro, se houve um assentamento de pessoas ali, e aí, depois, começam-se as escavações.
Leonardo: Então realmente não imaginavam de ter nada ali, nem tinham noção, não é?
Rogério: Nem tinham. É sempre assim, é igual com Han. Com Han também, mesma coisa, e aí com Han teve um problema também: começaram a escavar tudo errado, aí perderam textos e tal. Foi uma coisa complicada ali, mas é basicamente isso. Aquela região também é uma região cercada por uma mística religiosa e tal,
Conheça mais sobre Baal, o seu Ciclo, e diversos outros deuses dessa região, como El, Asherah, Yam e Mot. Além da relação que tais deuses possuem com Yaweh e Israel.
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Pauta, edição: Leonardo
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Host: Leonardo
Participante: Rogério Lima de Moura
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Curso: História e Religião da Antiga Judá - séculos VIII- I a.C.
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Aline Aparecida Matias
Ana Lúcia Merege Correia
Anderson Zaniratti
André Victor Dias dos Santos
Antunes Thiago
Bruno Gouvea Santos
Clecius Alexandre Duran
Domenica Mendes
Eder Cardoso Santana
Eduardo Oliveira
Everson
Everton Gouveia
Jeankamke
Jonathan Souza de Oliveira
Leila Pereira Minetto
Lindonil Rodrigues dos Reis
Marcia Regina M. Garcia
Mateus Seenem Tavares
Mayra
Patricia Ussyk
Paulo Peiker
Rafael Resca
Rafa Mello
Rosenilda A. Azevedo
Surya Namaskar
Talita Kelly Martinez
Willian Rochadel
-- Transcrição realizada por Amanda Barreiro (@manda_barreiro) --
[00:00:00]
[Vinheta de abertura]: Você está ouvindo Papo Lendário, podcast de mitologias do projeto Mitografias. Quer conhecer sobre mitos, lendas, folclore e muito mais? Acesse: mitografias.com.br.
[Trilha sonora]
Leonardo: Muito bem, ouvinte. O local do qual falaremos no episódio de hoje muito provável de você nunca ter ouvido, mas talvez conheça, sim, os deuses adorados nessa região. Hoje, o episódio será sobre a religião, os mitos e deuses de Ugarite. Não se preocupe se o nome for estranho, pois vamos explicar tudo isso aqui. Na verdade, quem vai explicar é o convidado de hoje, o professor Rogério, que, dentre os seus trabalhos, está um focado nessa região, inclusive com comparações com trechos bíblicos. Então seja bem-vindo, professor, e pode se apresentar para o ouvinte.
Rogério: Olá, Leonardo. Olá, todos e todas que estão nos ouvindo. É um prazer enorme estar aqui, falar um pouco de um tema tão importante para a história do levante e todos esses conceitos que trabalharemos na nossa fala. Então o meu nome é Rogério Lima de Moura, eu estou fazendo o meu doutorado na Universidade Metodista de São Paulo, na área de Ciências da Religião. Meu enfoque é o mundo ali do Levante, principalmente a história do antigo Israel e da antiga Judá, e eu trabalho também bastante as questões do imaginário religioso, das construções ideológicas que estão inseridas aí no período. Então eu tenho formação, a minha graduação, o meu bacharelado foi em Teologia, meu mestrado também foi em Ciências da Religião, sempre trabalhando esses aspectos, trabalhar a Bíblia hebraica como objeto de pesquisa. E muito da Bíblia hebraica, não só Israel e Judá, mas as cidades que eram vizinhas ali ao antigo Israel e à antiga Judá, e também fazer algumas análises comparativas, que veremos daqui a pouco na minha fala, essa questão de como que Israel e Judá participam também do imaginário religioso, das construções religiosas ali do Levante, daquela região do Levante. Então é um prazer enorme estar com vocês neste podcast.
Leonardo: Bom, o tema de hoje é Ugarite, e, quando se pesquisa por esse nome, normalmente os primeiros resultados são falando sobre a descoberta dessa região, a descoberta de Ugarite, mas então é legal mostrar para o ouvinte o que realmente é, o que foi essa descoberta, o que foi descoberto lá.
Rogério: Ugarite é uma antiga cidade ali na região do Levante. Se você preferir, se os ouvintes preferirem, estou falando daquela área que comumente é chamada de Palestina. Então a região que ficam ali o antigo Israel, a antiga Judá, a Fenícia, a Síria, cuja capital é Damasco. Então toda aquela região ali nós chamamos de região levantina, é o Levante. Em 1929, naquela região ali que hoje é a atual Síria, norte da atual Síria, na cidade de Ras Shamra foram encontrados diversos tabletes, documentos de suma importância não só para a história da região, mas também para os estudos bíblicos. Por quê? Porque, até então, nós tínhamos apenas informações de algumas divindades, por exemplo, só a partir dos textos bíblicos, então muitas vezes a gente ficava só restrito ao texto bíblico para analisar uma divindade, por exemplo, como Baal. Então, quando foram descobertos esses documentos, esses tabletes de barro - a partir de 1929 começaram as escavações em Ras Shamra - surgiram, a partir de então, sobre a religiosidade daquela região, sobre a cultura daquela região, as interações culturais entre as regiões ali do Levante etc. Junto com as descobertas do manuscrito do Mar Morto, as descobertas dos documentos em Ugarite revolucionaram os estudos bíblicos. Então nós temos alguns documentos que foram encontrados lá. Eu vou me focar em apenas três documentos, que são os principais para estudar a cultura, a religião de Ugarite, então nós temos três documentos que eu vou citar aqui. Vou falar um pouquinho rapidamente do enredo desses documentos. O primeiro documento que foi encontrado lá é o chamado Ciclo de Baal. Então esses documentos narram - o conteúdo desse texto, que é o Ciclo de Baal, um texto mítico - o combate entre o deus da tempestade, que no caso é o Baal, contra o seu irmão Yam. Na segunda parte do enredo do Ciclo de Baal, que é esse texto, tem um novo combate do deus Baal contra o rival, que é o deus Mot. Então essa narrativa foca principalmente em um arquétipo, que a gente pode falar de um arquétipo, que também perpassa toda a região ali do Levante, que é a luta entre uma divindade da ordem contra uma divindade caótica. No caso do Ciclo de Baal, esse texto encontrado, nós temos duas divindades rivais ao Baal, que é considerado o deus da ordem, que são os deuses Yam, que significa mar, e o deus Mot, que significa morte. Depois, nós temos um outro documento que foi encontrado também, que é a lenda do rei Keret. Então o conteúdo desse texto, a lenda do rei Keret, narra a história de um rei chamado Keret que fica sem herdeiro ao trono, então aí aparece o deus El - ou deus Él - em sonho para ele e o ajuda a encontrar uma princesa. Essa narrativa desse texto encontrado foca principalmente na questão da posteridade do reino: o rei precisa de um herdeiro, aí ele pede, roga aos deuses para que ele possa encontrar uma esposa. Aí então o deus El, que é o chefe do panteão cananeu - falaremos daqui a pouco - auxilia o rei Keret a encontrar uma princesa. E, por fim, nós temos um outro texto chamado A Lenda de Aqhat. (Danel) [00:07:06] não tem filhos, e aí o que acontece? Em uma festa, o deus artesão Kotar, que também é uma divindade do panteão ugarítico, presenteia Aqhat com um arco, e aí a deusa Anath - que também é uma divindade feminina guerreira, uma divindade forte, ela é irmã também do deus Baal -, como uma divindade guerreira, ela cobiça o arco do Danel e oferece imortalidade à Aqhat. Aqhat recusa a imortalidade e ceder o seu arco para a deusa, e aí a Anath fica muito brava e quer matar o Aqhat. Mas, infelizmente, nós não temos o final da história, porque o tablete de barro foi corrompido, então nós infelizmente não podemos saber mais o final da história. Então, só para sintetizar para os ouvintes, tem outros textos - textos administrativos etc.
Leonardo: É isso que eu ia perguntar. Se tem outros, além dos mitos, além de deuses. Também foram encontradas coisas em si, não é?
Rogério: Isso. Então foram encontrados textos administrativos, textos ritualísticos etc., mas, para a minha pesquisa mesmo, que eu fiz no mestrado, eu trabalhei principalmente - não só, mas principalmente - com o Ciclo de Baal para estudar esses deuses e essas deusas que aparecem no panteão ugarítio. Então, finalizando essa primeira pergunta, Ugarite é uma primeira cidade que é considerada cananeia. Por quê? Porque os estudiosos perceberam que ela compartilha a língua semítica daquela região, da cultura. Há algumas convergências culturais naquela região, e Ugarite, segundo alguns autores, participa dessa cultura levantina, daquele período. Estamos falando do décimo quarto, décimo segundo século antes da era cristã. Para quem estuda, por exemplo, o Antigo Egito, nós estamos falando do período de Amarna... esses textos foram encontrados.
Leonardo: E foi a descoberta dessa cidade ou já se tinha, de repente, por ter a Bíblia e outras coisas, já se sabia de ter algo ali, ou realmente antes de descobrir não tinha nada, nem se sabia que existiria nem nada? Não tinha nenhum vestígio?
Rogério: Na verdade, Leonardo, geralmente as descobertas sempre têm uma narrativa meio engraçada. De repente, uma pessoa está passeando em um local, vê um texto, aí chama a atenção de algum estudioso. Geralmente é essa história que contam, não só de Ugarite, mas também, se você for...
Leonardo: A pessoa nem sabe o que é, o valor daquilo...
Rogério: Isso.
Leonardo: ... e a gente vai ver o quão grandioso é.
Rogério: Isso mesmo, é por aí. Para a nossa sorte, cai na mão de um estudioso, alguém que percebe que aquilo lá não é algo comum, e aí começa-se a perceber que aquela localidade tem algo importante ali. Aí começa-se a fazer os estudos de mapeamento da localidade e tal para saber, primeiro, se houve um assentamento de pessoas ali, e aí, depois, começam-se as escavações.
Leonardo: Então realmente não imaginavam de ter nada ali, nem tinham noção, não é?
Rogério: Nem tinham. É sempre assim, é igual com Han. Com Han também, mesma coisa, e aí com Han teve um problema também: começaram a escavar tudo errado, aí perderam textos e tal. Foi uma coisa complicada ali, mas é basicamente isso. Aquela região também é uma região cercada por uma mística religiosa e tal,
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