Ouvir "Papo Lendário #224 – Como Estudar Mitologia"
Sinopse do Episódio
Nesse episódio do Papo Lendário, Leonardo Mitocôndria, Nilda Alcarinquë, Juliano Yamada e Pablo de Assis conversam sobre como estudar mitologias.
Saiba quais cuidados você deve ter quando pesquisa fontes sobre mitologias.
Entenda a diferença entre obras literárias sobre mitologia e obras academicas.
Ouça algumas indicações de obras e autores para ler e pesquisar.
-- EQUIPE --
Pauta, edição: Leonardo Mitôcondria
Locução da abertura: Ira Croft
Host: Leonardo Mitôcondria
Participante: Juliano Yamada, Nilda Alcarinquë, Pablo de Assis
-- APOIE o Mitografias --
-- LINKS --
Papo Lendário sobre "O Que é Mitologia?"
-- Agradecimentos aos Apoiadores --
Adriano Gomes Carreira
Alan Franco
Alexandre Iombriller Chagas
Aline Aparecida Matias
Ana Lúcia Merege Correia
Anderson Zaniratti
André Victor Dias dos Santos
Antunes Thiago
Bruno Gouvea Santos
Clecius Alexandre Duran
Domenica Mendes
Eder Cardoso Santana
Edmilson Zeferino da Silva
Everson
Everton Gouveia
Gabriele Tschá
Hamilton Lemos de Abreu Torres
Higgor Vioto
Jeankamke
Jonathan Souza de Oliveira
José Eduardo de Oliveira Silva
Leila Pereira Minetto
Lindonil Rodrigues dos Reis
Maira Oliveira Santos
Mariana Lima
Mateus Seenem Tavares
Mayra
Nilda Alcarinquë
Paulo Diovani Goncalves
Patricia Ussyk
Petronio de Tilio Neto
Rafael Resca
Rafa Mello
Talita Kelly Martinez
-- Transcrição realizada por Amanda Barreiro (@manda_barreiro) --
[00:00:00]
[Vinheta de abertura]: Você está ouvindo Papo Lendário, podcast de mitologias do projeto Mitografias. Quer conhecer sobre mitos, lendas, folclore e muito mais? Acesse: mitografias.com.br.
[Trilha sonora]
Leonardo: Muito bem, ouvinte. Hoje a gente não vai falar de nenhuma mitologia, nem de nenhum mito ou divindade, pois nosso objetivo é falar de como estudar e pesquisar sobre mitologias. É claro que a resposta mais correta é escutar o Papo Lendário e acompanhar tudo que o Mitografias publica, esse é o melhor jeito. Mas a gente pode ir além disso, e aí hoje, para falar do tema, estou aqui com o Yamada...
Juliano Yamada: Olá.
Leonardo: ... com a Nilda...
Nilda: Olá, povo.
Leonardo: ... e com o Pablo.
Juliano Yamada: Oi.
Leonardo: Hoje vamos ver que esse tema rende bastante. E eu tive a ideia de fazer esse episódio por causa de algumas perguntas comuns que o pessoal costuma me fazer. O pessoal que sabe que eu tenho o Mitografias e tudo, normalmente nas redes sociais ou muitas vezes pessoalmente vem me perguntar: "O livro X sobre mitologia é bom?", "Qual livro é bom para começar a estudar mitologia?", se determinado filme ou série é fiel com as mitologias ou até quantas mitologias existem. Já ouvi várias e várias vezes todas essas perguntas e muitas outras relacionadas a isso. Então esses foram alguns exemplos de perguntas, e, com isso, a gente quer tentar abordar aqui sobre como estudar mitologia. Não vai ser necessariamente algo muito aprofundado em metodologia ou coisas do tipo, mas é muito para você, ouvinte, ou quem está conhecendo agora esse episódio - vai servir bastante também para isso -, para entender como pesquisar, como é bom tomar certos cuidados quando vai pesquisar as mitologias, entender melhor como fazer isso e não depender só da gente. Mas não deixe de nos escutar. Em primeiro lugar, a gente precisa definir o que é mito e mitologia, para deixar claro sobre o que a gente está falando. Porém a gente já tem um episódio sobre isso, que é um tema que rende bastante, então a gente já fez um episódio, então a gente não vai se aprofundar nisso aqui. Fica a indicação, vai estar o link aí do episódio, até porque lá a gente mostra uma definição de mitologia, de mito, de lenda, de fábulas. Tem vários termos que a gente vai definindo lá no episódio. E, de certa forma, esse episódio é praticamente uma continuação daquele. Podem ter algumas coisas que a gente fale aqui que já sejam óbvias para quem já é nosso ouvinte de longa data, pois, como aquele episódio lá, O que é Mitologia, que é esse que eu vou deixar o link, serve de indicação para novos ouvintes, esse daqui também vai servir. Então esse episódio vai ser meio que uma continuação daquele de certa forma. De qualquer maneira, vou dizer uma definição, que eu gosto, de mitologia e mitos, só para dar uma resumida, que eu uso muito aqui no Mitografias. A gente trata a mitologia aqui no Mitografias como o estudo de mitos - mitologia seria isso, estudo de mitos -, mas também eu normalmente defino a mitologia como um conjunto de determinados mitos que, unidos, possuem uma coerência cultural. Então aí seriam a mitologia grega, a mitologia nórdica etc. Já os mitos eu trato como narrativas particulares de uma cultura, que aí, independentemente da veracidade, eles têm um papel de dar sentido a valores e diversos elementos dessa cultura. Então isso que eu gosto de ressaltar: o mito não tem que fazer sentido; mito dá sentido para algo. Por isso que às vezes você pode ver um mito e achá-lo confuso, meio exagerado ou coisa do tipo, então não tem sentido aquilo ali, mas, na verdade, ele está dando um sentido para aquela cultura, daquela época, naquele local específico.
Juliano Yamada: Duas coisas curiosas sobre essa definição. Concordo com essa definição, uso também. Mas duas coisas curiosas sobre ela: a primeira é quando a gente pensa que o mito é uma narrativa, a gente não para para perceber que o mito é contado, muitas vezes, como se fosse uma história, tipo "Era uma vez...", e geralmente você fala de um personagem, você fala de um local, você fala de um tempo, como se você estivesse contando qualquer história. E você tem uma trama, você tem um enredo, você tem um clímax nessa história, e ele é contado desse jeito. Raramente os mitos são meras descrições, como se fosse o Tolkien descrevendo a casa do Bilbo. Os mitos não são isso, não é só a descrição da casa do Bilbo; o mito é toda história que vai além da mera descrição. E essa é uma coisa interessante, que muitos estudiosos de mitos já perceberam que o ser humano funciona através dessas histórias. Naturalmente, a subjetividade, a coletividade, as culturas se desenrolam a partir dessas histórias, dessas narrativas. E por isso que muitas vezes a gente consegue assistir a um filme e ele ser tão comovente ou tão emocionante, e é muito mais eficaz para passar uma mensagem do que um relato científico ou uma descrição precisa do que acontece, porque nós funcionamos através de histórias.
Leonardo: Isso a gente até vai acabar entrando mais a fundo no que você, ouvinte, precisa ter noção do que você quer pesquisar. Isso daqui a pouquinho a gente entra mais a fundo, que está muito ligado a isso, ao fato de serem narrativas, algo muito voltado para a literatura, histórias.
Juliano Yamada: E a outra coisa curiosa dessa definição é que a gente pode pensar, por exemplo, que a ciência hoje funciona como mito para a nossa cultura e para a nossa época, porque, hoje em dia, muito da ciência é o que oferece sentido para aquilo que a gente está vivendo, aquilo que a gente está buscando a respeito do mundo. Já foi religião, já foram os mitos antigos, de culturas anteriores a uma religião institucionalizada. Já tivemos fontes diferentes dessas histórias que oferecem sentido, mas hoje quem oferece sentido é a ciência. Tanto é que, quando você joga um "Pesquisas comprovam" ou "Isso é científico", as pessoas não questionam mais. Elas aceitam, porque, beleza, é isso que está dando sentido? Então, se é isso mesmo, é isso mesmo, a gente faz.
Leonardo: É o análogo a dizer: "Porque deus quis".
Juliano Yamada: "Porque deus quis" ou "Porque está na Bíblia". É a mesma coisa. "Estudos comprovam", mas quais estudos e qual foi o método? E a gente não para para ver. Só contar aqui uma anedota, já que a gente não está gravando Papo Cético, mas ele volta em breve - espero. Um grupo de homeopatas lançou, há alguns anos, um dossiê com um monte de pesquisas comprovando cientificamente a eficácia da homeopatia. Só que tinha um monte de problemas científicos ali, e eles usaram esse dossiê para falar: "Olha só, quer saber? Está ali publicado, está ali escrito, está lá tudo nesse dossiê, está lá na revista. É só ler"; "Está lá na Bíblia", sei lá. E, recentemente, um grupo de cientistas de verdade revisou todos esses artigos e mostraram em todos os artigos todas as falhas metodológicas, lógicas, as evidências, os problemas desse dossiê. Pergunta: alguém vai ler uma retratação científica? Não, porque é chato para caramba. Mas você usa muito dessa narrativa: "Não, porque é científico", então a gente aceita de boa em vez de entender que é uma narrativa diferente.
Nilda: Eu vejo um movimento nas religiões em relação a isso, que é uma coisa criticada entre as próprias pessoas que estudam seriamente religião, que é aquela coisa: "Pesquisa arqueológica comprovou que a Arca de Noé está em tal canto". Por mais que haja qualquer pesquisa que ache alguma coisa - que não achou, gente, não tem nenhuma pesquisa arqueológica que comprovou isso -, para quem tem fé isso não deveria ser importante, só que muita gente, para dizer: "Não, a minha religião é verdadeira, porque a ciência comprovou que é verdadeira"... quer dizer, você está transformando a ciência em uma coisa que vai respaldar a sua fé, e você pode procurar, tem muito lugar que faz isso, tem muita revista religiosa que faz isso. Então ela está usando a ciência para respaldar, mas só aquela parte da ciência que confirma a sua fé. A parte da ciência que não confirma, você esquece, põe de lado, não serve, "Não, isso aí não vale". A Bíblia está certa, mas quando você acha lá... Israel faz muito isso, o Estado de Israel faz muito isso, porque eles vão achar evidências arqueológicas do antigo Estado de Israel, é claro, e aí eles usam, também como os ortodoxos usam, como comprovação religiosa e tal. Mas quando comprova que talvez Yahweh não fosse um deus único, e sim um deus que era casado com uma deusa, aí você esquece.
Saiba quais cuidados você deve ter quando pesquisa fontes sobre mitologias.
Entenda a diferença entre obras literárias sobre mitologia e obras academicas.
Ouça algumas indicações de obras e autores para ler e pesquisar.
-- EQUIPE --
Pauta, edição: Leonardo Mitôcondria
Locução da abertura: Ira Croft
Host: Leonardo Mitôcondria
Participante: Juliano Yamada, Nilda Alcarinquë, Pablo de Assis
-- APOIE o Mitografias --
-- LINKS --
Papo Lendário sobre "O Que é Mitologia?"
-- Agradecimentos aos Apoiadores --
Adriano Gomes Carreira
Alan Franco
Alexandre Iombriller Chagas
Aline Aparecida Matias
Ana Lúcia Merege Correia
Anderson Zaniratti
André Victor Dias dos Santos
Antunes Thiago
Bruno Gouvea Santos
Clecius Alexandre Duran
Domenica Mendes
Eder Cardoso Santana
Edmilson Zeferino da Silva
Everson
Everton Gouveia
Gabriele Tschá
Hamilton Lemos de Abreu Torres
Higgor Vioto
Jeankamke
Jonathan Souza de Oliveira
José Eduardo de Oliveira Silva
Leila Pereira Minetto
Lindonil Rodrigues dos Reis
Maira Oliveira Santos
Mariana Lima
Mateus Seenem Tavares
Mayra
Nilda Alcarinquë
Paulo Diovani Goncalves
Patricia Ussyk
Petronio de Tilio Neto
Rafael Resca
Rafa Mello
Talita Kelly Martinez
-- Transcrição realizada por Amanda Barreiro (@manda_barreiro) --
[00:00:00]
[Vinheta de abertura]: Você está ouvindo Papo Lendário, podcast de mitologias do projeto Mitografias. Quer conhecer sobre mitos, lendas, folclore e muito mais? Acesse: mitografias.com.br.
[Trilha sonora]
Leonardo: Muito bem, ouvinte. Hoje a gente não vai falar de nenhuma mitologia, nem de nenhum mito ou divindade, pois nosso objetivo é falar de como estudar e pesquisar sobre mitologias. É claro que a resposta mais correta é escutar o Papo Lendário e acompanhar tudo que o Mitografias publica, esse é o melhor jeito. Mas a gente pode ir além disso, e aí hoje, para falar do tema, estou aqui com o Yamada...
Juliano Yamada: Olá.
Leonardo: ... com a Nilda...
Nilda: Olá, povo.
Leonardo: ... e com o Pablo.
Juliano Yamada: Oi.
Leonardo: Hoje vamos ver que esse tema rende bastante. E eu tive a ideia de fazer esse episódio por causa de algumas perguntas comuns que o pessoal costuma me fazer. O pessoal que sabe que eu tenho o Mitografias e tudo, normalmente nas redes sociais ou muitas vezes pessoalmente vem me perguntar: "O livro X sobre mitologia é bom?", "Qual livro é bom para começar a estudar mitologia?", se determinado filme ou série é fiel com as mitologias ou até quantas mitologias existem. Já ouvi várias e várias vezes todas essas perguntas e muitas outras relacionadas a isso. Então esses foram alguns exemplos de perguntas, e, com isso, a gente quer tentar abordar aqui sobre como estudar mitologia. Não vai ser necessariamente algo muito aprofundado em metodologia ou coisas do tipo, mas é muito para você, ouvinte, ou quem está conhecendo agora esse episódio - vai servir bastante também para isso -, para entender como pesquisar, como é bom tomar certos cuidados quando vai pesquisar as mitologias, entender melhor como fazer isso e não depender só da gente. Mas não deixe de nos escutar. Em primeiro lugar, a gente precisa definir o que é mito e mitologia, para deixar claro sobre o que a gente está falando. Porém a gente já tem um episódio sobre isso, que é um tema que rende bastante, então a gente já fez um episódio, então a gente não vai se aprofundar nisso aqui. Fica a indicação, vai estar o link aí do episódio, até porque lá a gente mostra uma definição de mitologia, de mito, de lenda, de fábulas. Tem vários termos que a gente vai definindo lá no episódio. E, de certa forma, esse episódio é praticamente uma continuação daquele. Podem ter algumas coisas que a gente fale aqui que já sejam óbvias para quem já é nosso ouvinte de longa data, pois, como aquele episódio lá, O que é Mitologia, que é esse que eu vou deixar o link, serve de indicação para novos ouvintes, esse daqui também vai servir. Então esse episódio vai ser meio que uma continuação daquele de certa forma. De qualquer maneira, vou dizer uma definição, que eu gosto, de mitologia e mitos, só para dar uma resumida, que eu uso muito aqui no Mitografias. A gente trata a mitologia aqui no Mitografias como o estudo de mitos - mitologia seria isso, estudo de mitos -, mas também eu normalmente defino a mitologia como um conjunto de determinados mitos que, unidos, possuem uma coerência cultural. Então aí seriam a mitologia grega, a mitologia nórdica etc. Já os mitos eu trato como narrativas particulares de uma cultura, que aí, independentemente da veracidade, eles têm um papel de dar sentido a valores e diversos elementos dessa cultura. Então isso que eu gosto de ressaltar: o mito não tem que fazer sentido; mito dá sentido para algo. Por isso que às vezes você pode ver um mito e achá-lo confuso, meio exagerado ou coisa do tipo, então não tem sentido aquilo ali, mas, na verdade, ele está dando um sentido para aquela cultura, daquela época, naquele local específico.
Juliano Yamada: Duas coisas curiosas sobre essa definição. Concordo com essa definição, uso também. Mas duas coisas curiosas sobre ela: a primeira é quando a gente pensa que o mito é uma narrativa, a gente não para para perceber que o mito é contado, muitas vezes, como se fosse uma história, tipo "Era uma vez...", e geralmente você fala de um personagem, você fala de um local, você fala de um tempo, como se você estivesse contando qualquer história. E você tem uma trama, você tem um enredo, você tem um clímax nessa história, e ele é contado desse jeito. Raramente os mitos são meras descrições, como se fosse o Tolkien descrevendo a casa do Bilbo. Os mitos não são isso, não é só a descrição da casa do Bilbo; o mito é toda história que vai além da mera descrição. E essa é uma coisa interessante, que muitos estudiosos de mitos já perceberam que o ser humano funciona através dessas histórias. Naturalmente, a subjetividade, a coletividade, as culturas se desenrolam a partir dessas histórias, dessas narrativas. E por isso que muitas vezes a gente consegue assistir a um filme e ele ser tão comovente ou tão emocionante, e é muito mais eficaz para passar uma mensagem do que um relato científico ou uma descrição precisa do que acontece, porque nós funcionamos através de histórias.
Leonardo: Isso a gente até vai acabar entrando mais a fundo no que você, ouvinte, precisa ter noção do que você quer pesquisar. Isso daqui a pouquinho a gente entra mais a fundo, que está muito ligado a isso, ao fato de serem narrativas, algo muito voltado para a literatura, histórias.
Juliano Yamada: E a outra coisa curiosa dessa definição é que a gente pode pensar, por exemplo, que a ciência hoje funciona como mito para a nossa cultura e para a nossa época, porque, hoje em dia, muito da ciência é o que oferece sentido para aquilo que a gente está vivendo, aquilo que a gente está buscando a respeito do mundo. Já foi religião, já foram os mitos antigos, de culturas anteriores a uma religião institucionalizada. Já tivemos fontes diferentes dessas histórias que oferecem sentido, mas hoje quem oferece sentido é a ciência. Tanto é que, quando você joga um "Pesquisas comprovam" ou "Isso é científico", as pessoas não questionam mais. Elas aceitam, porque, beleza, é isso que está dando sentido? Então, se é isso mesmo, é isso mesmo, a gente faz.
Leonardo: É o análogo a dizer: "Porque deus quis".
Juliano Yamada: "Porque deus quis" ou "Porque está na Bíblia". É a mesma coisa. "Estudos comprovam", mas quais estudos e qual foi o método? E a gente não para para ver. Só contar aqui uma anedota, já que a gente não está gravando Papo Cético, mas ele volta em breve - espero. Um grupo de homeopatas lançou, há alguns anos, um dossiê com um monte de pesquisas comprovando cientificamente a eficácia da homeopatia. Só que tinha um monte de problemas científicos ali, e eles usaram esse dossiê para falar: "Olha só, quer saber? Está ali publicado, está ali escrito, está lá tudo nesse dossiê, está lá na revista. É só ler"; "Está lá na Bíblia", sei lá. E, recentemente, um grupo de cientistas de verdade revisou todos esses artigos e mostraram em todos os artigos todas as falhas metodológicas, lógicas, as evidências, os problemas desse dossiê. Pergunta: alguém vai ler uma retratação científica? Não, porque é chato para caramba. Mas você usa muito dessa narrativa: "Não, porque é científico", então a gente aceita de boa em vez de entender que é uma narrativa diferente.
Nilda: Eu vejo um movimento nas religiões em relação a isso, que é uma coisa criticada entre as próprias pessoas que estudam seriamente religião, que é aquela coisa: "Pesquisa arqueológica comprovou que a Arca de Noé está em tal canto". Por mais que haja qualquer pesquisa que ache alguma coisa - que não achou, gente, não tem nenhuma pesquisa arqueológica que comprovou isso -, para quem tem fé isso não deveria ser importante, só que muita gente, para dizer: "Não, a minha religião é verdadeira, porque a ciência comprovou que é verdadeira"... quer dizer, você está transformando a ciência em uma coisa que vai respaldar a sua fé, e você pode procurar, tem muito lugar que faz isso, tem muita revista religiosa que faz isso. Então ela está usando a ciência para respaldar, mas só aquela parte da ciência que confirma a sua fé. A parte da ciência que não confirma, você esquece, põe de lado, não serve, "Não, isso aí não vale". A Bíblia está certa, mas quando você acha lá... Israel faz muito isso, o Estado de Israel faz muito isso, porque eles vão achar evidências arqueológicas do antigo Estado de Israel, é claro, e aí eles usam, também como os ortodoxos usam, como comprovação religiosa e tal. Mas quando comprova que talvez Yahweh não fosse um deus único, e sim um deus que era casado com uma deusa, aí você esquece.
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