Memorial de Ares

Memorial de Ares, experiências contadas do espaço. Um memorial é um diário, um relato, e os “ares” aqui entendi como os lugares (como o que reconhecemos na expressão mudar de ares). É também, e sobretudo, uma referência à magnífica peça escrita por Machado de Assis “Memorial de Aires”. O que motiva o programa que, ao lado de outros, anda à roda da arquitetura, é, justamente, a relação com as questões que têm como centro a arquitectura, mesmo quando partindo de outros quadrantes.Interessará sempre mais olhar para essas questões nos momentos antes de elas serem disciplinadas, isto é, antes de se tornarem na (disciplina) Arquitectura.Assim, antes dela: o espaço – que toda a gente sabe o que é, e toda a gente com ele lida, sem precisar de ser arquitecto – e também a construção, entendida no sentido de coisa que é o expressar-se, materializar-se de uma ideia (coisa sem matéria). Assim a construção é também assunto não exclusivo de arquitectos: constrói um alfaiate; um pasteleiro; um músico; um carpinteiro; um escritor.Descobrir na memória de outros, recordações de lugares específicos de experiências especiais, com alguma peculiar circunstância de espaço – das qualidades do espaço, da sua acústica ou da sua luz; da sua “energia” ou cheiro; do seu sentido de ser aconchegado ou incrivelmente aberto e quase infinito… uma recordação – mesmo que distante e esbatida – de infância onde o som de uma melodia ou um barulho, ou de vozes, que marca e se transporte. João Soares é arquitecto, formado pela FAUP. Ensina no Departamento de Arquitectura da Universidade de Évora.

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