Complicações neurológicas da Covid 19. Dr Raphael Spera, neurologista HCFMUSP. @raphaelspera

21/12/2022 1h 51min

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Sinopse do Episódio

Este vídeo é divido em duas metades. A primeira parte Dr Raphael Spera fala sobre as principais sequelas neurológicas associadas à forma grave da Covid 19 (0 a 44 minutos). A principal delas é o acidente vascular isquêmico (minuto 2:30s) causado pelo stress da inflamação na parede dos vasos do corpo que provoca formação de coágulos que por sua vez migram para o cérebro, entopem os pequenos vasos causando bloqueio do fluxo sanguíneo e consequentemente o AVCi. Infelizmente, em decorrência da inflamação descontrolada, quando tratava-se o AVCi através da anticoagulação, muitos desses paciente tiveram hemorragias intracranianas.   Outra complicação neurológica grave foi a trombose venosa profunda cerebral (minuto 9:56s) onde coágulos bloqueiam o sistema venoso cerebral que congestiona a drenagem sanguínea do cérebro e consequente inchaço cerebral maligno que muitas vezes causava hemorragia intracraniana.   A síndrome de Guillain Barré também foi uma complicação da Covid 19 grave (minuto 16:10s). Essa polirradiculoneurite provoca paralisia ascendente dos músculos do corpo em decorrência de reação inflamatória nas raízes nervosas que saem da coluna vertebral: muitos desses pacientes tiveram essa síndrome após extubação na UTI: isso causou prolongamento da internação desses paciente e infelizmente muitos não recuperaram os movimentos. Os nervos periféricos também foram afetados em decorrência da posição em prona que esses pacientes ficavam: lesão do plexo braquial e dos nervos periféricos foram frequentes (minuto 15:12s). A dissecção arterial também foi frequente nesses pacientes (minuto 15:33s).  A encefalopatia associada à condição grave do paciente também foi descrita na Covid 19 em decorrência dos distúrbios metabólicos, hipóxicos e hidroeletrolítico do paciente.  Importante ressaltar que há tratamento dessas sequelas, embora o caminho seja longo:  1) reabilitação cognitiva, 2) estimulo aos movimentos com robôs, 3) exercício físico e 4) possivelmente estimulação transmagnética.  
A Covid longa é definida como persistência dos sintomas de Covid 19 por mais de 4 semanas após a cura da Covid 19 (minuto 44:10s) e chega a atingir 50% dos paciente com Covid leve / moderada. A Covid longa ocorre por redução da atividade do neurônio ou por aceleração da atrofia cerebral (minuto 58:16s). Possivelmente a vacina reduz em até 10% dos casos de Covid longa.  O Brain Fog, ou cérebro "nublado" é uma das principais complicações neurológicas da Covid longa. O paciente queixa-se de lentificação do pensamento, dificuldade para tomar decisões, dificuldade de concentração e esquecimento (amnésia) (1h:10min). Muitos pacientes não conseguem ter a mesma performance no trabalho e algumas vezes são demitidos. Outros pacientes tem dificuldade para memorizar textos e estudar. A grande questão é: consigo melhorar a função do cérebro e ser a mesma pessoa antes da Covid 19? Sim, isso é possível na maioria dos pacientes através do exercício físico, melhora do sono e reabilitação cognitiva através de novas atividades ou retorno das atividades habituais por vezes com supervisão (1h:17minutos).  Autorregulação cerebrovascular é a capacidade que o cérebro tem de manter o fluxo sanguíneo constante independente das variações da pressão arterial sistêmica e da posição do paciente, especialmente em pé (vertical). Pacientes com Covid 19 podem ter esse mecanismo comprometido o que pode causar desmaios e tontura (1h31min).  A perda de olfato era a principal complicação das primeiras cepas causadoras da Covid 19. Uma das maneiras de minimizar este efeito colateral é a reorganização neuronal do bulbo olfatório com aromas (1h38min).   Enfim, o importante é ressaltar que apesar das sequelas associadas à Covid grave ou à Covid longa podem ser minimizadas pela reabilitação física e cognitiva.  Dr Raphael Spera, neurologista do grupo de cognição do Hospital das Clinicas da FMUSP, São Paulo.

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