Esse é mais um podcast do Medicina do Conhecimento. Ciência e informação a qualquer momento, em todo lugar. Eu sou Pablo Gusman, o Anestesiador. E como compartilhar é multiplicar esse é mais um podcast Medicina do Conhecimento. Muitos são os modelos comuns entre a aviação e o ambiente do centro cirúrgico e unidades de terapia intensiva. Como base nessa afirmação, vamos falar um pouco sobre Crew Resource Management, correlacionando com os momentos práticos da assistência médica. O objetivo do CRM na aviação é reduzir o erro humano, fornecendo à tripulação uma variedade de estratégias que ajudarão a melhorar sua eficácia. Uma definição amplamente aceita de CRM é o uso eficaz de todos os recursos humanos, de hardware e de informações disponíveis aos pilotos para garantir a segurança e eficiência das operações de voo. Treinamentos periódicos em CRM são importantes para manter a proficiência, pois a falta de reforços tendem a facilitar o esquecimento das habilidades e atitudes adquiridas durante o treinamento inicial. Na prática, mesmo já sendo habilitado, o especialista precisa regularmente rever sua técnica e aprimorar suas habilidades. No padrão da indústria para tripulações em aeronaves temos o pilot flying, responsável no controle da aeronave e do pilot not flying , responsável pela execução de outras tarefas. Isso para otimizar a eficiência, prevenir a sobrecarga de tarefas e evitar a confusão sobre as responsabilidades de cada um no voo. Na totalidade dos protocolos de atendimento avançado, temos o chamar por ajuda um ponto crucial. Uma vez chegado esse apoio, é fundamental estabelecer funções e objetivos para cada membro da equipe envolvido. A delegação de tarefas maximiza a eficácia do time de assistência e garante o atendimento ao paciente. Se um indivíduo assume muitas responsabilidades, tarefas críticas poderão ser atrasadas ou omitidas. Uma das filosofias na aviação é a famosa filosofia pilotar, navegar e comunicar. Falhar ao considerar adequadamente as potenciais implicações de uma situação aumentará o risco de que uma decisão produza consequências adversas que poderão levar a aeronave a estados indesejados ou, na nossa visão, o êxito letal. O aumento do nível de estresse poderá afetar negativamente a capacidade de um piloto ou dos membros da equipe de perceber e avaliar sinais do ambiente, podendo resultar no estreitamento da atenção. Como resultado, é fundamental que os pilotos e os médicos considerem o pior cenário durante o processo de tomada de decisão, particularmente quando estiverem lidando com uma situação de emergência potencialmente grave. Importante é o conceito de modelos mentais compartilhados. Um modelo mental individual é dependente da sua compreensão das circunstâncias, das expectativas em relação ao futuro e experiências passadas. A experiência que estas pessoas trazem para a situação desempenham um papel significativo no seu processo de tomada de decisão. A exposição repetida através da prática, instrução ou aprendizagem informal, como a leitura ou discussão em grupo, ajudam a preparar o indivíduo para situações potencialmente difíceis, como uma emergência em voo. Quanto mais experiência e treinamento um indivíduo possuir, provavelmente mais preciso o seu modelo mental será. Se a equipe não for capaz de alinhar seus modelos mentais, devido às diferenças de personalidade, estilo de comunicação, ou gradiente de autoridade, informações críticas podem não ser contabilizadas ao considerar as possíveis implicações de uma situação e durante a formulação de planos de contingência. Do ponto de vista do CRM, a comunicação eficaz desempenha um papel crítico no alinhamento dos modelos mentais da tripulação. No entanto, essas técnicas de comunicação exigem prática e reforços para serem eficazes, especialmente no tenso ambiente de uma situação de emergência. Isso valoriza ainda mais as visitas multiprofissionais e o debriefing realizado com a equipe após cada situação fora do padrão ou evento adverso hospitalar.

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