Bloqueio do plano do eretor da espinha

17/06/2020 7 min
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Sinopse do Episódio

Salve, salve mundo do conhecimento! Esse é mais um podcast do Medicina do Conhecimento. Ciência e informação a qualquer momento, em todo lugar. Eu sou Pablo Gusman, o Anestesiador. E como compartilhar é multiplicar hoje falamos de uma técnica jovem, mas efetiva de bloqueio fascial, o Bloqueio do Plano do Eretor da Espinha.

A prática padrão para se realizar um bloqueio do plano do eretor da espinha hoje utiliza o ultrassom para depositar anestésico local profundamente às 3 colunas de músculos eretores da espinha: iliocostal, longuíssimo, espinhal, que percorrem a extensão da coluna desde a base do crânio até a crista medial do sacro. Todos eles têm inserções nos processos transversos, cujo nível depende do músculo específico. Logo acima do complexo dos eretores da espinha, há 2 outras camadas de músculos: o trapézio e o rombóide maior.

Como em todos os bloqueios de planos fasciais, o objetivo desse bloqueio ESP é a disseminação compartimentalizada; sua eficácia depende da distribuição passivado anestésico local dentro do plano até atingir os nervos alvo. A absorção e difusão dos anestésicos locais pelos planos tecidual também parece desempenhar uma função na extensão e qualidade do bloqueio. A teoria vigente é que, por causa da descontinuidade dos músculos intercostais, o anestésico se difunde anteriormente aos ramos ventrais e dorsais dos nervos espinhais e através do tecido conjuntivo para entrar no espaço paravertebral torácico. Somam-se às facilidades da anatomia local, as variações da pressão intratorácica em indivíduos vivos que podem explicar a dispersão anterior para dentro desse espaço paravertebral.
Para pacientes com comorbidades respiratórias pré-existentes e/ou sensibilidade a opioides, a anestesia regional geralmente é uma terapia que proporciona melhor qualidade de vida. Um belo exemplo foram pacientes com fraturas de costela e cirurgias torácicas abertas que ao serem submetidos ao bloqueio do plano eretor da espinha e analgesia multimodal tiveram melhora da espirometria, redução do consumo de opióides e pontuações menores de escala analógica visual de dor.
Pacientes submetidos a cirurgia cardíaca eletiva com bypass cardiopulmonar tiverem pontuações de dor significativamente menores (até 12 horas após a extubação) quando realizados bloqueios dos planos eretores da espinha bilaterais em vez da terapia padrão apenas com analgésicos fracos e tramadol intravenosos, assim como eventos adversos no pós-operatório, o tempo para remoção da drenagem do tórax e o tempo para a primeira mobilização foram todos significativamente menores.
Algumas questões merecem pesquisas adicionais, como o volume e concentração ideal dos anestésicos locais. Os bloqueios do plano fascial dependem de uma técnica de alto volume e baixa concentração para a eficácia ideal, portanto, fico ligado na dose tóxica. Estudos cadavéricos e anatômicos mostram dispersão extensa do volume injetado ao redor do complexo eretor da espinha, mas estudos adicionais precisarão esclarecer a decisão de se realizar o bloqueio em 2 níveis ou bilateral se uma técnica sem cateter estiver sendo empregada.

A partir das evidências que temos disponíveis, o bloqueio do plano do eretor da espinha deve ser considerado uma opção analgésica alternativa para pacientes com dor aguda ou crônica do tronco. A maioria dos dados favoráveis ao bloqueio depende de seu uso como parte de um pacote analgésico multimodal, e isso sempre deve ser considerado ao se planejar o cuidado ao paciente. Mais estudos precisam ser conduzidos para se determinar sua verdadeira efetividade em comparação com outras técnicas regionais, e principalmente os regimes de dosagem ideais, uma vez que o grande objetivo de técnicas de bloqueio fasciais com ultrassonografia seria o uso de massas cada vez menores em bloqueios cada vez mais efetivos.

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