Quando alguém tira a própria vida o silêncio se espalha. A mídia cala numa auto censura que se mistura com a tentativa de evitar o efeito contágio. Os amigos e a família fogem de porquês com medo de se depararem com as dores viscerais de quem se foi. Resta a vasta memória e o sofrimento latente que, sem dizer nada, busca uma razão ainda que sobrenatural para que alguém rejeite o que a maioria vê como razão única, a vida. Como numa escala de cinzas, o processo do suicídio começa muito antes do ponto final. Começa na morte ainda em vida de muitos que, se vivos hoje, poderiam contar sobre solidão, medo ou vergonha de algo. Separaram setembro para falarmos dessa dor, para tentarmos recuperar nossos amigos e familiares que em silêncio andam guardando um sofrimento que perfura e vai minando todas as forças. Mas essa dor que se espalhou feito poeira não pode ser tão individual assim. Num sistema opressor, que nega a existência e a liberdade de tantos povos, como é possível achar que nossa saúde mental se mantém ilesa? Eles separam, criam conflitos, tomam territórios e nos reduzem ao abandono. As violências estruturais afetam diretamente nossas emoções, e precisamos urgentemente falar sobre isso. 
Para agregar ao diálogo convidamos o psicólogo decolonial e afrocentrico Thiago Augusto. 
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Esse episódio foi produzido e apresentado por Ana Beatriz Rocha, Iasmin Soares e Michelly Santos, e editado por Lucas Macieira. 
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