Sinopse do Episódio "BIONA: AGAUS"
Agaus Olá eu sou o Agaus, vim de longe, lá da América Central, cheguei ao Brasil e fiz parada na Bahia de todos os Santos e na Paraíba do saudoso Ariano Suassuna do Auto da Compadecida, mas uma pessoinha me levou lá pras Minas Gerais, lá eu fiz morada em uma cidadezinha chamada Cachoeira do Brumado. Por ter uma fibra muito resistente tiveram a ideia de me transformar em tapetes. Quem diria logo eu Agaus. Virar tapetes? Pois é, virei decoração e passei a ser o sustento de várias famílias. Minhas folhas foram depositadas por quinze dias no Rio Brumado, em pequenos diques, para que eu não fosse embora lá para o Rio Gualaxo Sul e visitasse as margens do Piranga até chegar ao Rio Doce, mas se chovia e o rio enchia, e eu ia embora, deixando para traz tristeza, coitadas dessas senhorinhas. Mas quando eu permanecia eu era retirado das águas e eu sofria, tinha um pedaço de pau chamado “macete” que me batiam até que todos os meus pedacinhos desprendiam das fibras e meus espinhos eram arrancados. Então eu tomava outro banho nas águas do rio Brumado e ia me exibir em varais, se eu fosse colhida verde exibia fios com tons mais claros, se eu fosse colhida madura eu exibia fios com tons mais escuros. Em uma peça de madeira feita pelos esposos das senhorinhas que me teciam chamada de “tear” meus fios eram entrelaçados e as belas formas davam origem o tapete de sisal. Com o passar dos anos, eu comecei a ser utilizada em diversos produtos, e o meu cultivo aumentou, começava a minha comercialização lá na Bahia, então eu comecei a chegar ao Brumado de caminhão, com fios claros e vendida a quilo. Mas eu precisava de alegria, então me deram cores, eu era tingida e meus fios tecidos em diversos formatos. Eu passo de geração a geração, nas casas dos artesãos e em tapeçarias, pessoas e famílias se reúnem em minha volta, eu posso ser redondo ou quadrado, posso ser tapetinho, manta, passadeira, quadro, tapete redondo e até dois por dois. Eu sou símbolo cultural dessa comunidade juntamente com minha irmã, a pedra sabão, sou parte da sua fonte de renda, da sua identidade sociocultural, tenho vários sinônimos, como piteira, pita, corda ou sisal.