Ser e não estar? Estar e não ser? | T4 Ep1

15/09/2021 3 min Episodio 59
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Sinopse do Episódio


Ser e não estar? Estar e não ser?  Por Patrícia Portela  Ser ou não ser,  Estar ou não estar Ser mas não estar Estar sem o ser. Hoje estamos ausentes na presença, ligados à corrente, ao telemóvel, à plataforma digital que nos deixa cumprir o horário de trabalho no local da família e do lazer. E estamos presentes na ausência, relembrados pelas cadeiras vazias em teatros e cinemas, em jantares e aniversários. Passamos o tempo a pensar que queríamos estar noutro lado, porque longe daqueles que amamos e que estão doentes. Distantes.  Ser e não estar Estar sem o ser,  Será mais nobre aceitar o infortúnio, resignada. Ou insurgir-me contra as provocações e os impropérios, contra as injustiças e as desigualdades? Estaremos mais à altura quando vamos à luta Ou quando, imóveis, decidimos pôr fim à angústia com o sono, empurrando a dor para o dia seguinte, até à morte? Dormir, talvez sonhar, com a presença dos ausentes,  Com a ausência de um contágio que não convidámos a entrar no nosso estar. Ser e não ser Estar e não estar.  Este trimestre convocamos a sua presença - física, grande, pronta, decidida, de todo o ser - no nosso teatro. Queremos ouvir a plateia, aplaudindo, pateando, discordando, acrescentando, sempre, a tudo o que apresentamos. Queremos saber a altura e o cheiro do nosso público, como se ri, como entra na sala, se sai a correr ou se fica para conhecer os artistas e dar a sua opinião. Queremos conversar. Através da arte e através do encontro, antes e depois de cada espetáculo.  Porque são as cogitações que constroem os obstáculos e a melancolia, a vontade de escapar ao tumulto da existência através do repouso e da morte. Mas também são, na presença de outro, daquele que de nós difere, o que nos acorda, o que nos faz amenizar o cenário mais negro, o que nos dá coragem para enfrentar todos os males, a irrisão do mundo, O agravo do opressor, a afronta do orgulhoso, o desprezo do amor, a insolência oficial, as dilações da lei, a impaciência dos tempos, o mérito imerecido dos traidores. É o pensamento que nos acobarda perante a possibilidade da morte, e é esse medo, na companhia de outros que connosco partilham tantas ansiedades, o que nos conduz à possibilidade da ação. O teatro é esse lugar onde todas as noites se está para se poder ser, e onde se é tanta coisa, quando não se pode estar em mais lado nenhum. Ação, Palavra, Missão. É esta a nossa questão! Consulte toda a programação desta nova temporada do Teatro Viriato nos locais habituais. E pode procurar-nos, queremos a vossa presença nas perguntas e nas respostas.____Patrícia Portela, diretora artística do Teatro Viriato