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O Diabo em nós se manifesta tão cotidianamente que nos escapa.

Talvez seja por isso que tenha recebido fama de pai da mentira.

Sem ele, provavelmente, não teríamos nem água quente para tomar banho. Ele é nossa faceta que busca por comodismo, conforto e aquilo tudo que, de inúmeras maneiras, facilita a vida material.

Inventamos carro, avião, fogão, cadeira, telefone, refrigerante, sorvete, computador,  pinga...

É a criatividade do Mago direcionada em construir um mundo mecanizado e artificial para nos servir.

Mas nem tudo são flores.

O Arcano que o Diabo comunica carrega também a dependência na mecanicidade e artificialidade que me satisfaz. Ele em nós é a busca constante pela novidade, pela adrenalina e pelo prazer.

Viro refém e me torno um dos famosos diabretes acorrentados aos pés do décimo quinto Arcano Maior.

E, de novo, sem ele, sequer estaríamos aqui. Existe coisa mais diabólica do que nos reunirmos através dessa plataforma?

Todavia, precisamos dessa faceta. É ela quem nos faz avançar, olhar com curiosidade para o mundo e encontrar soluções.

Compreender que ser Diabo é intrínseco à nossa existência nos poupará da culpa e da punição, ao mesmo tempo que nos presenteará com a responsabilidade do saber.

É uma espécie de mordida na maçã.

Como, para que fins e até quando ficaremos aqui? A jornada continua e pela frente ainda tem chão. Que ferramentas O Diabo nos dará para seguir adiante? É para isso que ele existe.

A completude que através dele tentamos alcançar, só satisfaz o corpo objetivo que, de tão forte e edificado, vira Torre. Daí vem o famoso raio…

Esperaremos por ele?

Ou buscaremos, de forma pacífica e voluntária, a conciliação entre sutil e objetivo que o Tarot tanto comunica?

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