Eu lembro porque eu estava lá.
No final dos anos 70, o povo foi para as ruas para gritar genericamente por democracia, anistia ampla, geral e irrestrita – e aqueles que hoje têm medo da voz do povo, naquele momento saudavam a voz de quem hoje eles querem calar. E foram anos e mais anos de mobilização para que os derrotados na luta, fossem incensados como heróis e vencedores.
Posso falar e dizer porque sei que foram os derrotados que escreveram uma constituição que é uma verdadeira praga, dentro de um arcabouço parlamentarista. Não é exagero dizer que a constituição serviu e serve como incubadora da má política, do fisiologismo e da troca de favores. Aliado a isso, tivemos a migração do nosso presidencialismo de coalisão para um sistema de cooptação pura e simples. É o troca-troca, é o toma lá, dá cá – algo que não é privilégio do Congresso Nacional mas se repete em todas as Assembleias Legislativas, na Câmara Legislativa do DF e nas câmara de vereadores de norte a sul do Brasil.
Muitos dos que foram ontem para as ruas clamar por uma solução que limite os papeis tanto do Congresso Nacional quanto do STF também estavam nas ruas no final dos anos 70 e nos anos 80. E se voltam agora às ruas é porque há uma percepção clara por parte do povo de que fracassou o modelo de democracia que os derrotados conseguiram implantar.

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