365 LPs - Ep 13 - Gilberto Gil - Realce - Warner: 1979.

19/06/2020 8 min
365 LPs -  Ep  13 - Gilberto Gil - Realce - Warner: 1979.

Ouvir "365 LPs - Ep 13 - Gilberto Gil - Realce - Warner: 1979."

Sinopse do Episódio


Em agosto de 1979, Gilberto Gil lançava o LP Realce, com um vigor e coerência que até hoje poucos conseguiram na música popular brasileira, tanto na expressão das melodias e ritmos (samba, afoxé, disco e reggae, entre outros) quanto nos conteúdos líricos, políticos, metafísicos e sensuais das letras.Gravado nos Estados Unidos, no estúdio Westlake Audio de Hollywood, o álbum produzido por Mazzola foi intencionalmente um produto de mercado, com as vozes de Gilberto Gil acompanhadas por uma poderosa sonoridade musical e o compositor tocando pandeiro e violão de nylon.Realce contempla a crítica política e social, mas de forma otimista (“…Tudo, tudo, tudo vai dar pé…”), reflexo da época de anistia no Brasil e da atitude sempre tolerante, mas não alienada, do artista.O disco faz menções às cenas, à tradição, à religiosidade e ao orgulho de ser da Bahia, interpreta com ousadia e “modernidade” o samba-canção Marina, de Dorival Caymmi, toca em novas propostas filosóficas de vida, questiona o racismo, a escravidão e o preconceito e propõe a liberdade para a criação musical, entre a tradição popular brasileira e o pop internacional, sem maniqueísmos.A música disco, a discothéque, os filmes “Os embalos de sábado à noite” e “Superman”, a telenovela Dancin’ Days e a música “Odara”, de Caetano Veloso, que precederam Realce, são fatos importantes para ouvir ainda com muita atenção um dos mais significativos trabalhos de Gilberto Gil.O álbum conta com as participações dos músicos Jerry Hey (tecladista e arranjador do grupo Earth, Wind & Fire) e Steve Lukather (guitarrista da então novata banda Toto) foram músicos americanos que participaram da gravação desse álbum em que, traz além da composição-título Realce, músicas que atravessariam gerações, como Toda menina baiana e Super-homem, a canção, um dos hits do disco.No geral, o álbum Realce foi bem recebido, mas o arranjo pop do samba-canção Marina de Dorival Caymmi causou controvérsias na época, mais por se tratar de uma música do compositor – dono de um cancioneiro até então imaculado – do que pelo arranjo propriamente dito.